terça-feira, 3 de março de 2015

SEM TORCIDA É OUTRA COISA, TITE


No maior público do Itaquerão até hoje, o Corinthians "atropelou" o São Paulo.
Mas "atropelou" só por 2 x 0? Sim, pois o placar foi enganoso. O time do técnico Tite foi bastante superior e até poderia ter goleado o time de Muricy Ramalho.
No primeiro Majestoso da história da Copa Libertadores, pela primeira rodada da fase de grupos, o "hospício" corintiano recebeu quase 38.500 torcedores, o que gerou uma renda de mais de R$ 3,5 milhões. Mais que uma mina de ouro, o clássico comprovou a força do "caldeirão" corintiano: aquela foi a 17ª vitória do time em 23 partidas disputadas até então no estádio. Lá dentro, o Corinthians ganhou de Palmeiras, Santos, São Paulo e de quase todo mundo. O único revés foi para o modesto Figueirense, justamente em sua inauguração.
Contra o São Paulo, o Corinthians controlou o jogo como quis e a torcida teve papel fundamental.Quando o time aumentava o ritmo, acuava a equipe adversária. Quando tirava o pé do acelerador, os jogadores do São Paulo pareciam sucumbir à pressão das arquibancadas e nada produziam. O goleiro Cássio foi um mero espectador que não fez uma defesa importante sequer. Os 1.800 são-paulinos presentes permaneceram tão atônitos e mudos quanto o técnico Muricy Ramalho que, sentado no banco de reservas, apenas assistia à superioridade dos donos da casa. O barulho do Itaquerão era 100% alvinegro, dos gritos do técnico Tite na beira do campo à vibração da torcida fora de campo.
O Itaquerão não ganha jogo, claro. Mas ajuda bastante. Contagia os jogadores da casa e intimida os adversários, como acontece em qualquer "caldeirão" que se preze. Nada que se compare aos caldeirões argentinos, é verdade. Mas não seria pior para o Corinthians e melhor para os rivais se o time da casa jogasse sem o apoio de sua fanática torcida?
Na segunda rodada da etapa de grupos, o Corinthians vai até Buenos Aires enfrentar o San Lorenzo, que nem chega a ser um time argentino tão temido assim, como River Plate ou Boca Juniors, por exemplo. Mas é argentino. E só isso já basta. A torcida que lota o estádio Nuevo Gasômetro é também um 12º jogador, como foi em 2014, quando o time do Papa foi campeão da Libertadores pela primeira vez. Um time limitado, sem estrelismo, sem talentos individuais. Por outro lado um time tinhoso, aguerrido, "encardido" ao melhor estilo argentino de ser, sempre empurrado do começo ao fim por seus ensandecidos "barra-bravas". Só que devido a uma punição da Conmebol, o jogo contra o Corinthians terá portões fechados. Ou seja, o esbravejante técnico Tite poderá gritar menos e ainda assim ser ouvido por todos os jogadores nos quatro cantos do estádio.
Dois dias antes da partida, o treinador corintiano tentou minimizar o fato de jogar sem torcida afirmando que "o jogo é determinado dentro de campo". Mas o corintiano Tite sabe que a força da torcida é quase essencial num duelo como esse.
É claro que sem torcida no estádio argentino o Corinthians leva uma ampla vantagem. É claro que a situação é favorável à equipe brasileira. Se o time do Corinthians vai se aproveitar da falta de pressão e obter a vitória é outra história, mas jogar sem torcida fora de casa contra um time argentino com a moral de ser o atual campeão da Libertadores, é sim um ponto extremamente auspicioso para o time visitante.
Assim como no "hospício" corintiano, os hinchas de San Lorenzo são como loucos fanáticos nos jogos de seu time em Buenos Aires, agora mais ainda "apimentados" pelo sabor especial de terem conquistado uma Copa Libertadores da América.
Afinal, foi para torneios como a Libertadores que os corintianos tanto sonharam um dia em ter um "caldeirão" para chamar de seu. Para que, nos jogos mais difíceis, a força da torcida ajudasse a encurralar o time adversário.
Sem torcida é outra coisa, Tite.

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