segunda-feira, 12 de outubro de 2015

QUEM FOI O MELHOR RONALDO?


O craque português Cristiano Ronaldo superou a incrível marca de 500 gols na carreira.
Incrível? Sim, incrível porque são dois gols a cada três jogos desde que o gajo começou a jogar profissionalmente. Não é uma marca qualquer, tampouco para qualquer jogador. Só pelo Real Madrid, o português já balançou as redes 323 vezes em 308 partidas, igualando-se ao ídolo Raúl, que fez o mesmo número de gols, porém com 10 anos a mais de clube.
Com este feito de Cristiano, surgiu nas redes sociais o debate sobre quem foi o melhor Ronaldo. O português, o Gaúcho ou o Fenômeno?
Os três jogaram quase na mesma época e pertencem à mesma geração de boleiros. Defenderam grandes clubes europeus jogando contra os melhores jogadores dos melhores times do mundo. E os três participaram da Champions League, o maior torneio de clubes do futebol e que há muito tempo possui nível de qualidade superior à Copa do Mundo.
Quem é o melhor? Aquele que pega a bola e chama a responsabilidade do jogo para si? O craque que decide? Que faz a diferença? Pois bem, se todas as respostas são afirmativas, os três Ronaldos continuam bastante parecidos.
Se o Gaúcho foi o mais habilidoso dos três, o mais "malabarista", o Fenômeno foi o que mudou a trajetória da seleção brasileira nas últimas duas décadas. Ele foi o cara do penta, o destaque de uma seleção que reabilitou o jogo bonito manchado pelo futebol feio da era Dunga que conquistou o tetra. Um feito inatingível para Cristiano, por exemplo, que jamais terá a mesma oportunidade defendendo a sua seleção. Afinal, Portugal não é um país que tem uma seleção. É uma seleção que tem Cristiano Ronaldo. E só.
Mas se o Fenômeno foi o símbolo do Brasil que deu a volta por cima, o sinônimo de superação após graves lesões, ele também se tornou depois o exemplo mais claro de craque idolatrado que passou a jogar somente com o nome. Gordo, jogou acima do peso por boa parte do tempo em que defendeu o Real Madrid e, no fim da carreira, o Corinthians. Como seu xará Gaúcho ultimamente tem gostado mais das baladas intermináveis de três dias que dos gramados, isso faz do Ronaldo português o mais profissional dos três. Dedicado, comprometido, vaidoso. É disparado o mais midiático, extremamente preocupado com a imagem, ao contrário de seus colegas tupiniquins.
Cristiano Está jogando em alto nível há pelo menos 10 anos. E se o português tem a velocidade, a precisão nas cobranças de falta, o cabeceio certeiro e a perfeição nos dribles curtos, atributos que os dois Ronaldos brasileiros também têm, ele ainda volta para ajudar na marcação. E não, você nunca viu o Fenômeno dando carrinho lá atrás depois de perder a bola lá na frente.
Ao contrário do Fenômeno, o Gaúcho nunca teve tanto destaque na seleção. Pelo contrário, foi a estrela da campanha medíocre na Copa da Alemanha de 2006. Contudo, seu futebol irreverente devolveu ao Barcelona o prestígio que estava apagado na primeira metade da década de 2000. O então atrevido brasileiro influenciou o jeito de jogar do time catalão, que depois se tornou imbatível com Pep Guardiola e Lionel Messi entre 2009 e 2011. No auge, foi aplaudido de pé pela torcida do Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu. O craque dentuço de sorriso largo nos selfies ainda tem outro feito histórico: foi campeão da Champions League e da Copa Libertadores da América. O Fenômeno, por exemplo, não conheceu o sabor de conquistar nenhuma das duas competições. Mas isso faz dele menor que seus xarás?
Os três são referências e cada um com seu encanto se tornou o melhor do mundo.
Dá para citar o nome de um deles como fora-de-série? Ou podemos citar os três? Qual é o maior?
Nenhum ídolo é maior do que outro. Ídolos despertam paixão, um sentimento único de admiração, genuinamente infantil, que faz o velho torcedor de hoje sentir exatamente o que sentia aos 10 anos de idade. Ademais, ser genial com a bola nos pés talvez não seja o suficiente para um dos Ronaldos ir para o trono. Um craque pode ser recebido como ídolo por uma torcida e depois sair pela porta dos fundos, sem deixar saudade, exatamente como aconteceu com o Ronaldo Gaúcho em sua passagem pelo Flamengo. O Ronaldo português é quase completo como jogador, mas não possui o carisma do Ronaldo Fenômeno. E assim por diante. Qualquer um dos três Ronaldos pode representar um mito para muitos amantes da bola ou uma farsa na ironia de outros.
A marca de 500 gols de Cristiano Ronaldo é expressiva, histórica e importante. É quase um gol por partida. Mas não faz do português o melhor Ronaldo. Sequer faz dele uma estrela maior que o "Raúl Madrid" no coração dos merengues. Raúl é considerado um dos jogadores mais importantes da história do Real, o que mais tempo vestiu sua camisa e, para muitos, é o maior jogador espanhol de todos os tempos. Uma lenda.
E quanto vale o futebol de uma lenda?
Melhor não arriscar quem foi o melhor Ronaldo. Os três representam o mesmo para quem gosta de futebol. E de suas lendas.

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