quinta-feira, 26 de novembro de 2015

AZAR OU SORTE DE CAMPEÃO?


Robinho, ex-camisa 7 do Santos, teria feito de letra o gol imperdível que Nilson perdeu. Sim, de letra, por puro deboche. Afinal, era o último lance, nos acréscimos do 2º tempo, sem goleiro, sem ninguém, na pequena área. Desengonçado, Nilson chutou para fora diante do gol escancarado. Qualquer jogador faria o gol e se consagraria como o reserva que entrou e decidiu na final. Menos ele, Nilson. Talvez o "gol feito" que o pobre Nilson não fez não tenha custado o título da Copa do Brasil ao Santos, como muita gente imagina. Mas provavelmente vai fazer o time sofrer um "calor" desnecessário na partida do Allianz Parque.
O primeiro jogo das finais da Copa do Brasil, na Vila Belmiro, fez lembrar exatamente o último duelo entre Santos x Palmeiras, válido pelo Campeonato Brasileiro. O Santos muito superior e mais agressivo, como já se esperava, com toque de bola rápido e com bastante intensidade do meio para frente. O time de Dorival Júnior criou muitas oportunidades, um jogo de ataque contra defesa, só que mais uma vez desperdiçou tudo o que produziu por incompetência nas finalizações.
Os números da partida são incontestáveis:
O Santos deu 9 chutes a gol. O Palmeiras, nenhum.
O Santos teve 13 assistências. O Palmeiras, 4.
O Santos driblou 23 vezes. O Palmeiras, 3.
O Santos bateu 10 escanteios. O Palmeiras, 3.
O meia santista Lucas Lima tocou 83 vezes na bola. Robinho, meia do Palmeiras, tocou 58.
O Santos se impôs na Vila Belmiro exatamente como fez contra todos os seus adversários na Copa do Brasil. Pressionou e acuou o time do Palmeiras, que na tentativa desesperada de conter o ímpeto dos donos da casa e conseguir um placar favorável, tentou "pilhar" os jogadores santistas desde o início. O efeito foi inverso. Nervoso, o time de Marcelo Oliveira se amedrontou com o ritmo forte da partida e a possibilidade de a decisão se encerrar já no primeiro confronto. O novato Gabriel Jesus, por exemplo, lesionou o ombro durante a queda ao "plastificar demais" uma suposta falta cometida sobre ele. Sem o habilidoso Jesus, não havia "milagre" que fizesse a equipe criar jogadas ofensivas. Lucas, também do Palmeiras, foi expulso no final por total descontrole emocional, não suportou a pressão de um jogo catimbado típico de final de campeonato. Arouca, outro com os nervos a flor da pele, puxou a camisa de Ricardo Oliveira dentro da área após cobrança de escanteio e imediatamente correu em direção ao árbitro para se defender, talvez até antes mesmo de Luiz Flávio de Oliveira assoprar o apito. Foi pênalti? Sim, foi. E de nada adiantam os argumentos de que "esse tipo de lance acontece em todo e qualquer jogo". Se a maioria dos árbitros não marca, a maioria está errada.
Foi pênalti de David Braz em Lucas Barrios? Talvez. Como todo bom argentino que é, Barrios diminui a velocidade ao entrar na área e deixa o corpo para ser tocado, com êxito. Porém, se o telespectador precisou rever o lance "126 vezes" para enxergar o contato do defensor no atacante, então o juiz está devidamente absolvido.
O título está indefinido porque o clássico teve dois momentos-chave, aos 5 minutos do 1º tempo e aos 50 minutos do 2º tempo. O santista Gabriel, que já havia desperdiçado chances claras na partida anterior contra o mesmo Palmeiras, dessa vez perdeu um pênalti. E Nilson,  o centroavante que havia acabado de entrar no lugar de um volante, perdeu o gol mais claro de sua vida. Aliás, "o gol da sua vida". Dois momentos importantes que deram ao palmeirense um suspiro de alívio e ao mesmo tempo de esperança.
O Santos é um time rápido, goleador e tem a vantagem do empate na decisão final. Mas a armadilha da Vila não funcionou como a torcida esperava. O gol da vitória magra por 1 x 0 saiu somente aos 33 minutos do 2º tempo, através de uma bela jogada individual de Gabriel, que se redimiu do pênalti batido na trave. Na comemoração, o santista extravasou, berrou, foi a loucura com a torcida e provocou também um ataque de nervos nos patrocinadores que estamparam suas marcas na camisa do clube, jogada para o alto pelo jogador em disparada.
1 x 0 na Vila foi pouco? Pela intensidade do Santos na partida, sim. O Palmeiras é um time tenso, inferior tecnicamente, porém perigoso. Está atrás no placar e necessita da vitória dentro de sua casa. Pelo futebol apresentado no torneio, o Santos merece o título. Mas o futebol, como se sabe, possui muitas razões que a própria razão desconhece, entre elas o azar ou a sorte de campeão.


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