quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

QUANTO VALEU O FUTEBOL DE NEYMAR?

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Impressionam os valores que envolvem a polêmica transferência de Neymar para o poderoso (e agora também “suspeito”) Barcelona. Sim, de clube-modelo de administração na Europa, o Barcelona passou a ser alvo de investigação da Justiça, com direito à renúncia de seu ex-presidente Sandro Rosell (que coincidentemente é amigo de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, aquele mesmo que sumiu do mapa). De qualquer maneira, em maio do ano passado, o time catalão anunciou a compra do ex-craque santista por 57 milhões de euros. Os valores da negociação sempre foram divergentes entre dirigentes santistas e catalães, até mesmo o que era permitido ou não dizer. Com a repercussão do caso na Europa de que Rosell teria omitido 38 milhões de euros na negociação, um simples pedido de um sócio do clube fez o novo presidente Josep Maria Bartomeu abrir o jogo e divulgar a tal cláusula de confidencialidade do contrato. E agora veio à tona a parte de cada um: Ao  Santos, clube que revelou e projetou Neymar, ficaram 17 milhões de euros. Ao pai de Neymar, a bagatela de 40 milhões de euros, o que totaliza os tais 57 milhões de euros divulgados inicialmente. De forma confidencial, o Barcelona pagou 10 milhões de euros pela assinatura do contrato; 44 milhões de euros pelos salários no período de 5 temporadas; 2,7 milhões de euros repassados ao pai de Neymar como agente negociador; 4 milhões de euros por direitos comerciais; 2,5 milhões de euros destinados ao Instituto Neymar Júnior; 7,9 milhões de euros por mais três jogadores do Santos (quais? e para quem foi o dinheiro?) e, de bônus, mais 2 milhões de euros para que a “N&N” (empresa de Neymar) ajude o Barcelona a garimpar no Brasil novos futuros atletas. A transação então foi de pouco mais de 86 milhões de euros. E os novos valores causaram desconforto em muita gente, especialmente ao pai de Neymar, que teve de convocar entrevista coletiva para tentar explicar porque recebeu individualmente tamanha bolada. Ao que tudo indica, o Barcelona tinha a preferência pela compra do jogador e teria adiantado uma parte do pagamento ao Neymar pai. E Neymar estaria então “apalavrado” com os catalães já na final do Mundial de Clubes de 2011, entre o “seu” Santos e o “seu” Barcelona. Em campo naquela partida, Neymar foi absolutamente improdutivo, bem aquém do que se esperava dele. Estava literalmente “vendido”? Difícil saber. E isso nem importa mais.
Mas então o quê de fato importa para os santistas sobre Neymar? Vitórias, gols, prestígio, auto-estima, futebol moleque, torcida, estádios lotados, rivalidade, dor de cotovelo, inveja, títulos. Quanto custou tudo isso? 86 milhões de euros? 200 milhões de euros? 17 milhões de euros? Não vem ao caso. Não há dinheiro que possa pagar a paixão de um torcedor pelo futebol. Neymar deu mais que dinheiro aos santistas. Foi o ícone de uma terceira geração vitoriosa de Meninos da Vila que encantaram o Brasil, enfeitiçado pelos dribles e gols de Neymar e companhia. Isso não tem preço. O torcedor talvez esqueça por quanto ele foi vendido, mas não esquecerá o chapéu sobre Chicão, a paradinha em Rogério Ceni, o gol mais bonito do mundo de 2011 contra o Flamengo, o gol da final da Libertadores, os 6 títulos conquistados em pouco mais de 4 anos como profissional, os 138 gols e os incontáveis dribles em 230 jogos com a camisa do Santos. O que o torcedor vê Neymar fazendo hoje na seleção brasileira e no Barcelona era o feijão com arroz dos santistas a cada quarta e domingo. Era o normal. Só que antes havia a enorme rivalidade (ou dor de cotovelo?) que cegava quase todos os torcedores adversários.
O que já se sabe agora é que diante dos valores divulgados pelo Barcelona, a ida de Neymar para o Camp Nou começou bem antes de sua saída da Vila Belmiro. De qualquer modo, com autorização do próprio Santos, que emitiu documento em novembro de 2011 liberando o jogador e seu pai para negociar com qualquer outro clube. Neymar teve seus motivos para querer jogar no Barcelona, mesmo tendo sido evidentemente cobiçado por outros grandes clubes da Europa, que fizeram até propostas superiores pelo seu passe. Ou seja, com a saída de Neymar para o Barça, o Santos perdeu. O contrato estava chegando ao fim? Estava. E depois poderia ser pior, não sobraria nenhum centavo. Por conta disso o Santos vendeu a preço de banana o então melhor jogador do futebol sulamericano? Pode ser. Mas a perda irreparável nessa história toda foi a certeza, para o torcedor santista, que a vida seria bem mais difícil sem Neymar dentro de campo. Por que apesar de tudo o que acontece nos bastidores do futebol, é dentro de campo o que realmente importa para o torcedor.
Fica mais uma vez a esperança de que, como reza a tradição do Santos, o raio continue sempre caindo no mesmo lugar. Na Vila Belmiro.

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