sábado, 13 de dezembro de 2014

A BOLA SE DESPEDE DE UM GENUÍNO CAMISA 10

Alexsandro de Souza, 37 anos, ou simplesmente Alex.
Revelado pelo Coritiba, projetado pelo Palmeiras, consolidado no Cruzeiro e consagrado no Fenerbahçe, clube turco que até o homenageou com uma estátua em tamanho real em frente ao seu estádio. Coisa para poucos. Um dos últimos camisas 10 autênticos do futebol brasileiro que decidiu abandonar os gramados.
Em todos os clubes que passou, Alex foi reconhecido e ovacionado pela torcida. E campeão. Torneio Rio-São Paulo, Mercosul, Copa do Brasil e Libertadores da América pelo Palmeiras da Era Parmalat. A tríplice coroa pelo Cruzeiro. Três vezes campeão turco, mais uma Copa da Turquia, troféu que o Fenerbahçe não levantava havia 30 anos.
Fez 422 gols em 1035 partidas, superado no futebol brasileiro apenas por Zico e Pelé.  Mais do que gols, ficaram eternizadas suas brilhantes atuações nos jogos que eliminaram o Corinthians da Copa Libertadores de 1999 e 2000. Ou o famoso gol de placa feito no São Paulo em 2002, considerado um dos mais bonitos de sua carreira, aplicando dois chapéus (o último deles no goleiro Rogério Ceni) e completando para o gol, na vitória do Palmeiras por 4x2 em pleno Morumbi. Aquele gol antológico de letra no Maracanã na final da Copa do Brasil de 2003, que lhe rendeu no Cruzeiro o apelido de “Talento Azul”. Mais suas memoráveis jogadas e 136 gols marcados nos oito anos em que desfilou seu futebol clássico na Turquia.
Alex foi um meia cerebral, de toques rápidos, de visão apurada de jogo, de dribles desconcertantes, que não voltava para marcar. Inteligente, dentro e fora de campo. Nunca teve papas na língua, sempre falou o que pensa, como na polêmica entrevista ao jornal "Lance" em agosto de 2013 ao declarar, entre outras coisas, que "a CBF cuida apenas da seleção brasileira, quem realmente cuida do futebol brasileiro é a TV Globo".
Muita gente diz que Alex foi alvo de uma das maiores injustiças do futebol ao não ser levado por Felipão para a Copa da Ásia de 2002. Difícil afirmar, uma vez que ele estava se recuperando de contusão e o Brasil foi penta-campeão. Prefiro dizer que injustiçado, de fato, foi aquele Mundial que perdeu o brilho das jogadas de um meia diferenciado, de um genuíno camisa 10 tupiniquim, cujo misto de elegância e ginga nos remete aos tempos em que a seleção brasileira era sinônimo de futebol-arte e quando não eramos humilhados dentro de casa por 7 x 1.
Seja ao lado de Evair, Paulo Nunes e Marcos, de Maicon, Maldonado e Aristizábal, de Volkan, Lugano e Kesman ou de Geraldo, Baraka e Zé Love, "Talento Azul" ou "Cabeção", o talentoso e agora aposentado meia Alex sempre terá um capítulo especial na história de Palmeiras, Cruzeiro, Fenerbahçe e Coritiba. E páginas inesquecíveis na memória de quem gosta de um jogo de futebol que não perde sua identidade e nem sua alma.

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