terça-feira, 23 de dezembro de 2014

REAL JOGOU PARA SAIR NA FOTO DE CAMPEÃO. E SÓ.


O San Lorenzo sofreu para chegar à final do Mundial de Clubes. Primeiro teve que conquistar a América, um feito até então inédito em sua história. Era o tal do patinho feio dos clubes considerados grandes da Argentina, o único que ainda não tinha o troféu da Copa Libertadores em sua galeria. Além de um futebol valente, foi preciso também a fé de seu torcedor mais ilustre, o Papa Francisco. E todos os santos jogaram juntos para que o San Lorenzo finalmente chegasse ao Marrocos em dezembro, com o passaporte da FIFA.
O neozelandês Auckland City nem era tudo isso, mas era a zebra a ser batida, a bola sete da vez, o perigo iminente de sequer chegar à final caindo diante de um time da Oceania. O que seria motivo de chacota para os rivais argentinos.
E veio então o tal do jogo "fácil" que, como sempre, se tornou difícil, tenso, sofrido, nervoso, que foi até para a prorrogação. Mas o time do Papa, quase em forma de penitência, venceu. E seria franco-atirador diante do poderoso Real Madrid de Cristiano Ronaldo, Gareth Bale, Sergio Ramos, Benzema, James Rodrigues e Casillas. O time que sim, é tudo isso.
Se havia uma única chance de superar o galáctico time espanhol, ela consistia em jogar duro, fechar os espaços, apertar forte a marcação e fazer aquilo que os argentinos mais sabem e gostam de fazer: catimbar. De um lado um time de estrelas querendo brilhar e, do outro, um time tinhoso querendo destruir e, quem sabe, levar a decisão para uma eventual disputa de pênaltis. Tudo em vão. Prevaleceu o talento do time que queria jogar.
Como não conseguia criar devido ao ferrolho argentino, o primeiro gol merengue só poderia acontecer através de uma bola parada. No fim do 1° tempo, após cobrança de escanteio o quase sempre decisivo Sergio Ramos faz, de cabeça, 1 x 0. No começo do 2º tempo, o time de branco, mais a vontade, sacramentou a vitória por 2 x 0 com uma generosa ajuda do goleiro Torrico. Um chute fraco e despretensioso de Bale (o homem de quase R$ 400 milhões) e a bola rasteira passando caprichosamente entre as mãos do arqueiro. Frango em época de Missa do Galo, para tristeza do Papa. A derrota do San Lorenzo era tão inevitável que Casillas fez sua primeira defesa na partida somente aos 20 minutos do 2º tempo.
Sem esforço, sem dar a menor chance para o azar e até sem comemorar, o Real Madrid é o óbvio campeão mundial de 2014.
Depois do jogo, o discurso pronto desde o fim da Libertadores: "apesar do revés, temos que exaltar o ano do San Lorenzo", disse um conformado Edgardo Bauza, técnico da equipe argentina.
Só uma coisa é certa: se o treinador do San Lorenzo fosse um Muricy Ramalho e resolvesse jogar aberto, sem chegar junto, deixando Elano no banco e improvisando um Durval na lateral, a coisa poderia ter sido pior. E o placar mais elástico. Mas com os autógrafos garantidos.

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