quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

NO BAR DE SEMPRE, O CORINTIANO E O SÃO-PAULINO


E lá estavam eles, sentados no bar de sempre, falando sobre o de quase sempre.
Na segunda cerveja, um corintiano e um são-paulino resolvem fazer uma retrospectiva da temporada de seus times.

“ - 2014 foi um ano difícil para os times paulistas, hein.. Ninguém ganhou nada!”, disse um deles.
“ – Ihh rapaz.. Parece que isso não acontecia há 89 anos. Fora que, além disso, nenhum deles disputou a Libertadores. Isso também não acontecia há 15 anos.”
“ - Pois é exatamente esse o prêmio de consolação do Corinthians neste ano. Conseguiu uma vaga na Libertadores. Além do estádio ‘concedido’ pelo governo, é claro”, provocou o são-paulino.
“ - Concedido? Se o clube tem uma dívida e ela está em dia, a propriedade é dele. Não houve nenhuma ‘concessão’. Além do mais, parece que o seu time também só ganhou o mesmo prêmio de consolação, não é?”, rebateu o corintiano.
“ - Mas pelo menos meu time é vice-campeão brasileiro.”
“ - Quanta honra ser 'vice-campeão' chegando 7 pontos atrás do campeão, hein.. É para comemorar? E como dizia o corintiano Ayrton Senna: o segundo é o primeiro dos últimos”, ironizou o corintiano.
“ - Vocês foram eliminados pelo Atlético-MG na Copa do Brasil sendo goleados por 4 x 1 e sequer chegaram ao G8 do Paulista. É para comemorar também?”, questionou o colega tricolor.
Ahh sim.. Mas falando de eliminação, de um ano para cá, o São Paulo foi eliminado em todos os torneios de mata-mata que disputou: Copa Sul-Americana, Campeonato Paulista e Copa do Brasil.. Perdeu para Ponte Preta, Penapolense, Bragantino... E agora para um tal de Nacional de Medellín. Só times de pouca expressão. E todas as eliminações aconteceram em pleno Morumbi”, gargalhou o de camisa alvinegra.
“- Vocês colocaram o Pato no São Paulo e o Sheik no Botafogo e continuaram desembolsando R$ 700 mil todo mês para ajudar a pagar os salários desses jogadores, mais o Douglas para jogar a Série B no Vasco”, retrucou o são-paulino.
“ - E vocês? Também têm de pagar R$ 400 mil por mês ao Pato, que nem lhes pertence. Trouxeram o Michel Bastos e o Kaká a peso de ouro. E pagaram caro para tirar Allan Kardec do Palmeiras”, indagou o corintiano pedindo mais uma cerveja. E prosseguiu:
“ - E o Ganso? Alguma proposta do exterior? Nada, né?.. Nem convocação para a seleção brasileira o tal ‘maestro’ conseguiu desde que chegou ao Morumbi, há dois anos.”
O são-paulino sorriu e respondeu:
"- Vocês levaram uma sova do Fluminense na penúltima rodada e já dispensaram o treinador retranqueiro bem antes do ano acabar. Como planejar um time para 2015 dessa forma?"
"- E o São Paulo fez o que? Marketing do vazio que foi a temporada? Transformaram a quase despedida do Rogério Ceni num evento e tanto. O retorno de mídia que não veio dentro de campo. Até venderam camisas da aposentadoria que não aconteceu.”
Antes do rival responder, o corintiano completou:
“ - Na coletiva da 'não-aposentadoria' do goleiro de 42 anos, foram protagonistas o veterano que se foi para a terra do Tio Sam, o veterano que decidiu ficar por mais sete meses e o resmungão do Muricy Ramalho como mestre de cerimônia do ‘evento’, o treinador que já completou quase dois anos de retorno ao São Paulo  sem nenhum título e que neste ano ficou um bom tempo sem receber em dia.”
“ – Vocês precisam revelar algum jogador para fazer caixa e ajudar a pagar o Itaquerão. Mas não revelam ninguém e os que revelam não pertencem a vocês”, falou em tom sarcástico o são-paulino.
– Justiça seja feita. O Santos é o time que mais revela jogadores neste país e o que menos ganha com isso!”, gritou um santista que ouvia a conversa.
“ – E o tal do CT de Cotia? A 'Ilha de Caras' do futebol brasileiro? Só falta revelar jogadores, não concordam?”, debochou o corintiano.
“ – E essa tal de Lei de Diretrizes Orçamentárias em pauta no Congresso Nacional que tanto se fala na televisão, hein? O que vocês acham?”, mudou de assunto um palmeirense, por motivos óbvios.

Pediram mais cerveja. E o futebol ficou para o ano que vem, na esperança de que dias melhores virão para todos. Sem correr, escorregar e cair.

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