terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A LIGA DE CORINTHIANS E PALMEIRAS


Um time repleto de grandes jogadores não é, necessariamente, vencedor. Ou será. O maior exemplo disso é a "galáctica" seleção brasileira que disputou a Copa da Alemanha de 2006. Os super craques, muito glamour, muita badalação e o fiasco na eliminação para a França. Um time para ser vencedor precisa de um bom goleiro, um treinador motivador e o principal: precisa "dar liga".
E esse é o desafio do Palmeiras na atual temporada. Fazer "encaixar" um elenco completamente novo, com jogadores que vieram de todas as partes e que nunca atuaram juntos na vida. São níveis de qualidade para todos os gostos, do zagueiro com nome de marca de grife ao atacante que mais se valorizou nas férias do que dentro de campo. Tarefa árdua para um técnico quase mediano como Oswaldo de Oliveira, cujas preleções devem ser tão irritantes e arrastadas que até o Zé Roberto resolveu assumir a palavra em seu lugar.
Ou seja, o Palmeiras é exatamente o oposto do Corinthians.
Tite, além de ser um técnico muito melhor do que Oswaldo, possui um elenco já "pronto" nas mãos. E com uma filosofia de trabalho já consagrada por ele próprio, o que lhe confere confiança dos dirigentes e da torcida.
Enquanto Tite ainda tem o respaldo da amplitude de suas conquistas dos últimos anos, Oswaldo precisa dar resultados quase que instantâneos. É claro que Tite não pratica um futebol vistoso, ofensivo, de muitos gols, bonito de se ver. Pelo contrário, é adepto do futebol de resultados, geralmente de poucos gols, de recuar enquanto o adversário ataca na maior parte do tempo, de passes curtos e com marcação forte reduzindo o tamanho do campo. Tite passou um ano vendo todo tipo de jogo e tática, rodou o mundo, conversou bastante com muita gente do futebol e trouxe na bagagem talvez um conceito novo no sentido de "jogar feio, porém com algo a mais". Um estilo de jogo seu, doa a quem doer.
No clássico contra o Palmeiras, pela 3ª rodada do Campeonato Paulista, o primeiro disputado no moderno Allianz Parque, Tite foi quase "científico", ao contrário de Oswaldo de Oliveira, que parecia confuso. Quando o goleiro Cássio fez a bobagem de ser merecidamente expulso por fazer cera e desrespeitar a inteligência do árbitro e de quem assistia ao jogo, Tite sacou Guerrero e manteve o colombiano Mendoza. É claro que, com o placar favorável de 1 x 0, sua vontade era tirar mais um jogador de linha e colocar dois goleiros, mas como a regra não lhe permite isso, ele tirou um atacante mais lento e manteve um velocista. Muita gente questionou a alteração, mas todos entenderam quando, no fim da partida, Mendoza partiu em disparada de seu campo de defesa, atravessou o campo em alta velocidade deixando os defensores adversários para trás, e só não fez um golaço por cobertura dentro da área porque errou na finalização. Ou então pela ótima saída e defesa de Fernando Prass, como queiram. O peruano Guerrero, mais técnico, talvez até fizesse o gol, mas jamais teria perna para os 100 metros rasos de Mendoza.
Enquanto Tite pensou o jogo para o Corinthians, o Palmeiras de Oswaldo se mostrou tão confuso quanto seu pensador. Com um jogador a mais, o time de Oswaldo dominou o 2º tempo, porém de forma improdutiva. A maior posse de bola foi traduzida em quase nenhum perigo de gol, cruzamentos para o vazio, dribles desnecessários e jogadas individuais frustradas. Robinho (o genérico) armando as jogadas no meio ao invés de Zé Roberto, só para citar um exemplo. Caso o jogo fosse até o fim com 11 jogadores para cada lado, provavelmente o time do Tite sairia do Allianz Parque com um placar mais elástico.
O Corinthians é um time encaixado, organizado taticamente, com padrão de jogo. Goste-se ou não, é um jeito de jogar que deu liga, que normalmente dá resultado e que já rendeu títulos. O Palmeiras é um amontoado de 19 novos jogadores que mal sabem o nome um do outro. No vestiário, o treinador dá uma camisa para Fernando Prass e uma para Zé Roberto. As outras nove camisas ele joga para cima e quem pegar, pegou.

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