quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O MAJESTOSO DE UM TIME SÓ


Era para ser o duelo entre um time tricampeão diante de um time que só chegou lá pela primeira vez há pouco menos de três anos. O "time de tradição" na Libertadores contra o time que só conseguiu tirar seu passaporte recentemente. Mas quando a bola rolou no Itaquerão, foi o duelo de um time só. O "Majestoso" duelo de um time que queria vencer contra um time que não queria perder.
Apático e "bisonho" (como definiu um jornal esportivo paulista), o São Paulo esqueceu sua tradição e começou a sentir pressão quando os gritos de "É Quarta-Feira!!" começaram a ecoar do mesmo Itaquerão ainda no sábado de Carnaval. É certo que tabus foram feitos para serem quebrados, mas enquanto isso não acontece, parece que o tabu tem sido o 12º jogador corintiano nos clássicos contra o rival do Morumbi.
O São Paulo possui um time técnico, de talentos individuais. Mas precisa de "algo mais" nos jogos importantes. Porque não se mede o potencial de um time grande com vitórias sobre XV de Piracicaba ou Bragantino, por exemplo. O termômetro está justamente nos clássicos.
O time de Muricy Ramalho sofreu para sair da Vila Belmiro com um empate de 0 x 0 na partida contra o Santos, pelo Campeonato Paulista, quando Rogério Ceni foi eleito o melhor em campo. Na sequência goleou o Bragantino por 5 x 0. Dias depois, veio o tão esperado primeiro Majestoso da história da Libertadores e o time voltou a sucumbir assistindo o Corinthians vencer por 2 x 0 sob gritos de "olé" nos minutos finais. Diante de uma equipe inferior tecnicamente, porém com muito mais pegada, fome de bola e disciplina tática, o São Paulo literalmente "entrou na roda" ainda no 1º tempo quando o rival fez 1 x 0 fruto de uma belíssima e rápida troca de passes com gol do "carrasco" Elias. Mesmo com a vitória parcial de 1 x 0, o técnico Tite berrava e gesticulava sem parar com seus comandados na beira do gramado, enquanto seu oponente Muricy Ramalho permanecia sentado no banco de reservas, inoperante, quase como um torcedor privilegiado que não pagou ingresso para ver de tão perto. O elenco mais badalado do Brasil abusou dos "chuveirinhos" na área e, sem criatividade, em nenhum momento assustou o goleiro Cássio. O time de Muricy cruzou 26 bolas para a área adversária, mas acertou apenas 6, ou seja, quase 80% de cruzamentos errados. É muita coisa para um time considerado de alto nível técnico. Com Maicon jogando pelo meio e Michel Bastos na lateral, o time ficou ainda mais perdido do que uma semana atrás contra o Santos. No 2º tempo, Muricy, quase em desespero, alterou o esquema de jogo e retornou Michel para a armação. O resultado foi nulo. Alan Kardec e Ganso, por exemplo, não arriscaram um chute sequer ao gol.
Então veio a polêmica. Foi falta no lance do segundo gol do Corinthians? Talvez. Mas o lateral Bruno não poderia de forma alguma deixar o veloz e trombador Emerson Sheik chegar junto, em disparada. Teria que ter "se livrado" da bola antes. Afinal, o contra-ataque é a arma letal de Tite. E da falta não-assinalada até o gol feito pelo ex-são-paulino Jadson, cuja bola deslizou caprichosamente por baixo de Rogério Ceni, passou-se um tempo absurdo de jogo correndo. O São Paulo, sonolento, viu toda a jogada acontecer e não conseguiu evitar o gol que matou de vez a partida. O meia Paulo Henrique Ganso, que mais uma vez não apareceu em campo como já havia acontecido contra o Santos, resolveu "roubar" a cena de alguma forma e, diante dos holofotes, disse em alto e bom som que "seu time foi roubado" no Itaquerão pelo árbitro Ricardo Marques Ribeiro que ameaça processá-lo pela declaração infeliz. É claro que é muito mais fácil responsabilizar a arbitragem por uma derrota do que atribuí-la à tamanha superioridade em campo do time adversário.
Por tudo o que o time do São Paulo não fez, o Corinthians mereceu a vitória de maneira incontestável. E o São Paulo, de favorito no torneio passou a franco-atirador, mesmo com o elenco tão badalado exigido por Muricy Ramalho. E com toda a "tradição" na Libertadores. Ou o São Paulo pode mais apenas contra Capivariano e Penapolense?

Nenhum comentário: