quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O FUTEBOL MUDOU E SÓ O "PESO DA CAMISA" NÃO LEVANTA TROFÉU


David Beckham, Wayne Rooney, Lampard e Owen já fizeram parte juntos da seleção inglesa que não ganhou nada. A Holanda, por exemplo, é o "time da Copa" em todas as Copas e nunca chegou ao lugar principal do pódio. Isso sem falar de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Adriano e Kaká, os galácticos da seleção brasileira da Copa de 2006, eliminada nas quartas-de-final.
Ter tradição, neste ou naquele torneio, não se traduz em favoritismo dentro de campo. A Holanda, por exemplo, que o diga. Assim como ter jogadores talentosos não significa necessariamente que um time mostre um futebol vistoso e seja campeão, como se sabe há tempos.
Hoje o futebol está quase nivelado. Por baixo. Quando aquele habilidoso meia, dotado de exímia técnica, pára a bola e olha para frente, de algum lugar aparecem dois trombadores do time adversário e roubam a bola dele. Daí vem o contra-ataque fulminante e o gol que "mata" o jogo, para delírio dos comentaristas que explicam: "foi uma vitória no erro do adversário".
Hoje não vence quem tem mais talento. Vence quem erra menos. E quem arrisca menos.
Afinal de contas, quem arrisca menos (além de errar menos) mantém mais a posse de bola e, consequentemente, dá menos chances para o adversário. O maestro da camisa 10 que pára a bola, pensa o jogo e faz o "inesperado", corre agora o risco de perder todas as jogadas e prejudicar sua equipe, passando de herói para o vilão da partida.
O jogo acelerou. Ficou mais rápido, mais intenso. Basta ver o sistema de jogo da atual campeã mundial Alemanha. O tal do "futebol total". Ficar com a bola o máximo de tempo possível com muitos toques. Toca-se de qualquer jeito, para o lado, para trás, para "começar" tudo de novo, o importante é tocar a bola. E muitas vezes, para os menos favorecidos em técnica, se "livrar" da bola antes que o oponente chegue firme no lance. Lançamentos precisos de longa distância? São raros. E quando acontecem, irremediavelmente entram para "os melhores momentos" depois do apito final. O jogo, cada vez mais veloz, não permite agora tantas jogadas ousadas, atrevidas, ensaiadas. Não permite mais a classe, a beleza, a irreverênciaO negócio do futebol moderno é tocar rápido, jogar em velocidade, fazer o simples e, principalmente, ser eficiente. Cadenciar, driblar, plastificar a jogada, nem pensar. O espírito coletivo se sobressai à capacidade individual. As vezes, dentro de campo, o fanfarrão decide mais que o engomadinho. Porque é preciso mais alma, mais coração, mais pegada. É preciso algo a mais.
Há também os times que nem são tão brilhantes como muita gente acredita ser. Times eternamente candidatos ao "Oscar" por seus torcedores e parte da mídia, que goleiam equipes menores e depois sucumbem diante de outras de mesmo nível e com maior expressão. Foi-se o tempo em que a "tradição" era o suficiente e atualmente a bola pune quem joga apenas com o tal do "peso da camisa". O 7 x 1 da Alemanha na Copa disputada em nosso quintal foi o rolo-compressor em cima dessa antiga máxima.
O futebol de hoje, com menos espaços, mais força que técnica e mais velocidade que talento, colocou o craque e o jogador comum quase no mesmo patamar.
É preciso ter coragem para ser ousado e jogar bonito, como nos bons e velhos tempos.

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