sexta-feira, 3 de abril de 2015

GANSO É OU NÃO É CRAQUE?


Paulo Henrique Ganso é um bom jogador. Daqueles que, do meio do nada ou do além, consegue achar um espaço, um passe preciso, um lançamento, uma enfiada de bola na medida que resulte em gol. Possui técnica que lhe permite fazer isso pelo menos duas vezes por partida. Mas tal qualidade lhe confere o status de jogador diferenciado ou craque?
Diria que Ganso não é um Alex, por exemplo. Talvez seja um Ricardinho, mesmo assim com vantagem para o ex-jogador que também vestiu as camisas de São Paulo e Santos. E que, coincidentemente, também brilhou bem mais com a camisa do Santos.
Se no dia 3 de maio de 2010 surgisse o debate se Ganso era craque e se poderia definir um campeonato, a resposta unânime seria "sim" e ponto final. Isso porque um dia antes, o camisa 10 levou o Santos ao título do Campeonato Paulista com uma atuação magistral, que ofuscou talentos como Neymar e Robinho. Com inteligência e classe, Ganso segurou sozinho a bola, isolado na frente, sem ninguém para lhe ajudar em razão de três expulsões na equipe santista. Pela memorável campanha do time e pela sua irretocável partida decisiva, foi campeão com méritos e a partir daí ganhou destaque na mídia. No início, até mais do que Neymar. Três meses depois, veio o título da Copa do Brasil. E o país inteiro, deslumbrado com o futebol da terceira geração de Meninos da Vila liderada por Neymar e Ganso, pediu a dupla na seleção brasileira. Dunga não atendeu o pedido para a Copa do Mundo da África, mas seu sucessor Mano Menezes, sim.
De lá para cá, as coisas mudaram. Ganso não mostrou mais o futebol dos primeiros seis meses de 2010. Por causa das lesões, o meia participou pouco da vitoriosa campanha do Santos na Copa Libertadores de 2011 e depois o torcedor viu seu futebol cair de produção a cada torneio disputado. Juntou-se a isso as seguidas polêmicas em relação à sua renovação de contrato. Ganso rejeitava as propostas do Santos e, enquanto isso, seu amigo Neymar deslanchava na carreira. Mal assessorado e vislumbrando um salário irreal em razão de seu futebol decadente, a relação azedou entre jogador, clube e torcida. E Ganso deixou a Vila Belmiro buscando novos ares no Morumbi, o que ainda mantinha vivo o sonho de jogar em algum grande clube do futebol europeu.
Aclamado e mimado pelos são-paulinos, o "Maestro", mesmo sem jogar, desbancou até mesmo o atacante Lucas, então a grande estrela da equipe. Porém, seu futebol "vistoso" não engrenou como tanto se esperava e surgiram as interrogações. Sem lesões e atuando em todas as partidas, Ganso foi revelando ao torcedor são-paulino que, de fato, não era mais um daqueles personagens principais do brilhante time do Santos de anos anteriores. Porque ele perdeu seu futebol ou porque não tinha mais Neymar e Robinho para trocar passes e fazer jogadas? Talvez um pouco de cada coisa.
Sem propostas do exterior e novamente sem ser lembrado por Dunga nas convocações da seleção, Ganso mesmo assim se autodenominou em 2014 "acima da média no futebol brasileiro". Sua arrogância na declaração talvez explique sua apatia em partidas importantes e o fim da paciência nas arquibancadas.
Hoje seu desempenho quase sempre se resume em tocar a bola de lado, para o jogador mais próximo. É lento e tem dificuldade na marcação sem a bola. Assim como aconteceu há quase três anos no Santos, o ambiente não está nada favorável no São Paulo e cada vez mais ele está sendo cobrado pela torcida. Será vaiado novamente nas derrotas, nos passes errados, nas substituições. A torcida tem o direito de protestar sim. E Ganso não tem feito nada de tão produtivo dentro de campo para rebater os protestos. No máximo, um passe preciso, uma "matada de bola com categoria" e, quem sabe, um gol diante de Capivariano ou XV de Piracicaba.
O novo "maestro" do futebol brasileiro, o cara que seria o dono da camisa 10 da seleção na última Copa do Mundo, a cada temporada passa de promessa à decepção. E quando surge um novo debate se Ganso pode definir um campeonato, a resposta de hoje é bem diferente de cinco anos atrás, com direito às mais variadas respostas. Se a questão for seu retorno à seleção brasileira, a resposta quase unânime dessa vez é "não".
Craque? Ganso é um bom jogador. E ponto final.

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