segunda-feira, 27 de abril de 2015

O MOMENTO DE EUFORIA


O palmeirense vive um momento de euforia. Depois de sete anos, seu time volta a disputar uma final de Campeonato Paulista. É só um torneio estadual, é verdade. Aquele torneio onde curiosamente nos mesmos últimos sete anos, 19 clubes disputaram entre si o direito de enfrentar o Santos nas finais. Ou aquele torneio onde o time campeão não fez mais que sua obrigação e onde abre-se para aquele que perdeu uma enorme possibilidade de crise. Mas neste momento não importa o tamanho do troféu ou a grandeza discutível do campeonato. É futebol. E é mais um clássico. Ao contrário do que muita gente imaginava, o "melhor futebol do Brasil" ao lado do "melhor elenco do Brasil" vão ter que assistir pela televisão os "patinhos feios" decidirem o campeonato.
Em campo, no primeiro tempo da decisão, o Palmeiras talvez tenha perdido a oportunidade de conquistar o título quase que por antecipação. Estádio lotado, arbitragem confusa, um jogador a mais em quase todo o 2º tempo e um pênalti a favor. Se Dudu fizesse o gol de pênalti, sua equipe, na pressão, poderia até ampliar o placar em razão da vantagem numérica de jogadores.
Arbitragem confusa? Sim. O palmeirense Robinho, impedido, faz claramente o corta-luz, confunde a marcação e interfere diretamente na jogada que originou o gol de seu time. Depois um pênalti duvidoso não assinalado para os donos da casa. E no lance do pênalti marcado no 2º tempo, a falta começa quase na intermediária e o atacante palmeirense espera entrar na área para finalmente "ser derrubado" pelo zagueiro santista. O árbitro, completamente perdido, assinala pênalti e ainda expulsa o jogador errado. É avisado e volta atrás, mostrando o cartão vermelho para o jogador correto. Mas o Palmeiras, que não tem nada a ver com isso, não aproveitou a chance que lhe foi oferecida.
Em meio às circunstâncias, o santista ficou feliz com o resultado. Até para muitos palmeirenses, o placar magro de 1 x 0 "foi pouco". Na Vila Belmiro, fica a certeza de que o Santos jogará mais a vontade, mais leve, com a pressão da torcida a seu favor. Terá que ser, mais uma vez, o "time da virada". Embora isso não seja regra, é possível. E Robinho (o original) tem novamente a missão de ser o destaque individual da partida derradeira que vai decidir os rumos de seu clube na temporada. Por essas e outras razões, a preferência dos jogadores do Santos por jogar na Vila Belmiro ao invés de encher os cofres do clube com uma possível renda milionária jogando no Pacaembu. Afinal, para o torcedor, é mais importante ser feliz do que ter "razão".
O técnico Oswaldo de Oliveira fez sua parte ao não inventar esquemas mirabolantes e fazer o Palmeiras chegar à final com a vantagem de um empate. Por outro lado, é quase impossível o time do Santos deixar de jogar por duas partidas seguidas, especialmente dentro da Vila. Marcelo Fernandes precisa reacender os ânimos, esquentar o clima. Oswaldo precisa, mais do que qualquer coisa, controlar a ansiedade.
A proposta do Palmeiras será clara desde o começo, carregando o regulamento debaixo do braço. Ao Santos, resta nada menos que a necessidade de vencer. Dessa vez, o time não poderá jogar e deixar jogar, como de costume. Porém, também não poderá deixar de jogar. Vai se expor por causa disso, mas não pode abrir mão de sua velocidade e vocação ofensiva. Inteligência e paciência serão determinantes para ambos os lados.
Um detalhe: Nos últimos seis clássicos contra o Palmeiras, o Santos possui quatro vitórias, um empate e uma derrota, dentro e fora de casa. No clássico dessa final que acontece depois de 56 anos, o mérito de um pode ser o demérito do outro. Mas o momento de euforia é do Palmeiras.

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