sábado, 25 de abril de 2015

HORTO DOS MILAGRES


Um time vibrante, que joga em função do gol a todo momento, com o algo a mais necessário para não apenas mudar a lógica, como torná-la impensável até para o mais otimista de seus torcedores. O atleticano é hoje no Brasil o torcedor que mais tem o direito de "acreditar". Porque Cuca não sabia e Levir Culpi também não sabe ao certo a fórmula, mas quase impossível não ter a certeza de que o resultado virá. Com emoção e, as vezes, até com ares de crueldade.
O time joga de maneira solidária, todos os jogadores participam das jogadas, em forma de cascata pressionando e envolvendo o adversário em seu campo de defesa. Um futebol rápido, intenso, quase irresponsável. Marca registrada dos times que jogam e deixam jogar. Times que ligam o "foda-se" na hora de decidir e jogam como se não houvesse mais nenhuma outra partida depois do apito final do árbitro.
Algum torcedor se recorda de um jogo memorável do Cruzeiro na trajetória do bi-campeonato brasileiro de 2013-2014? Provavelmente não. Mas todo mundo se lembra das duas viradas épicas do Atlético-MG na campanha do título da Copa do Brasil. Afinal, mais do que eliminar, o Atlético-MG humilhou Corinthians e Flamengo, os dois times de maior torcida e mídia do país. E quiseram os deuses do futebol que nas mesmas circunstâncias, revertendo um placar adverso de 2 x 0 nos jogos de ida com duas goleadas por 4 x 1 nos jogos de volta.
Quer mais?
Em 2013, na campanha do título inédito da Libertadores, o então time de Cuca liderado por Ronaldinho Gaúcho venceu o segundo jogo da semifinal por 2 a 0 contra o argentino Newell's Old Boys, que garantiu a vaga na final, e depois repetiu o mesmo feito na grande decisão, quando, no Mineirão, reverteu a derrota por 2 a 0 sofrida para o paraguaio Olímpia na partida de ida, com gol marcado aos 42 minutos do 2º tempo, e sagrou-se campeão nos pênaltis.
Não, não é apenas mérito, tampouco sorte. É mais do que isso.
Contra o Colo-Colo, do Chile, novamente a fórmula deu certo. Como sempre e com razão, o atleticano acreditou, apoiou e o Atlético-MG venceu, de novo no Horto, pelo placar que precisava: 2 x 0, com direito a participação da bandeirinha de escanteio no golaço de Rafael Carioca de fora da área. Um pouco antes, Guilherme ainda perdeu um pênalti ao abusar da paradinha na cobrança. O goleiro chileno pegou. Mas e daí? O torcedor já está acostumado com duelos dramáticos e precisava soltar logo os gritos de "Eu Acredito!". Se o bom meia Guilherme fizesse o gol de pênalti, o jogo talvez perdesse a graça e o Horto a sua magia das quartas-feiras a noite.
O time de Levir Culpi segue vivo na Copa Libertadores e vai enfrentar agora o Internacional nas oitavas-de-final. Se vai passar ou não pelos gaúchos, ninguém sabe. É um confronto equilibrado. Mas o que importa para o futebol é que alguns jogos são mais emblemáticos que títulos.


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