segunda-feira, 4 de maio de 2015

CAMPEÃO PAULISTA JOGANDO FUTEBOL


Um time que joga com alegria. Com vocação ofensiva, que busca o gol a todo momento. Que dribla, corre, pedala, que se diverte jogando futebol. Que não diminuiu seu ritmo nem mudou seu jeito de jogar mesmo quando perdeu seu treinador no meio do campeonato. Seus jogadores sempre com sorriso na boca quando fazem uma jogada, qualquer jogada, quando fazem ou perdem um gol. Porque um minuto depois já estarão lá novamente correndo e sorrindo com a bola nos pés. Um time irreverente e moleque dentro e fora de campo, seja numa coreografia para comemorar um gol ou na improvisada letra de um funk onde provoca seu rival às vésperas de uma decisão. O brilho sempre nos olhos de quem pulou o alambrado e agora faz dentro de campo o que fazia nas peladas da praia.

Do outro lado, um time ansioso, preocupado, tenso. Que sequer estava no gramado durante a execução do hino nacional. Um time que viveu uma semana de incerteza disfarçada de euforia e acabou mesmo sucumbindo diante da pressão de um alçapão. Seu craque, um chileno chamado Valdívia, não deixava o mais otimista dos torcedores compreender o porquê de sua presença em campo no lugar de Cleiton Xavier. Dudu, aquele outro "craque" que se valorizou mais nas férias do que com a bola rolando, se mostrou nervoso e despreparado nos dois jogos das finais. O melhor que fez na final foi ser expulso (e com isso melhorar o desempenho de seu time) e ainda provocar a expulsão injusta do santista Geuvânio. E como Geuvânio fez falta no ataque do Santos, ao contrário de Dudu que passou despercebido no lado do Palmeiras. Ricardo Oliveira e Zé Roberto, dois veteranos. Um chegou desacreditado e se tornou artilheiro do campeonato. O outro insistiu demais em afirmar o tempo todo que "o Palmeiras é grande" como se fosse necessário repetir tal frase a cada dia para que ninguém esquecesse.
O Santos campeão paulista de 2015 foi aquele que marcou mais de 30 gols, que surpreendeu e enfrentou o "melhor futebol do país" de igual para igual dentro do Itaquerão. Que encurralou Palmeiras e São Paulo em noites inspiradas na Vila e só não goleou ambos porque o time privilegia o futebol bem jogado ao invés de recorrer à eficiência.
Na decisão, a torcida pressionou, cantou, vibrou, jogou junto com os jogadores. E de novo cumpriu seu papel na Vila Belmiro: o Santos venceu e foi campeão paulista pela sexta vez nos últimos dez anos. E venceu duas vezes, no tempo normal e também nos pênaltis, um capricho e uma chance a mais que os palmeirenses tiveram e não aproveitaram, já que o placar agregado de 2 x 2 deveria, por lógica e merecimento, dar o título ao time de melhor campanha.
A segunda geração de meninos da Vila é mais uma vez vitoriosa. Assim como aconteceu em 2002, Robinho, Elano, Ricardo Oliveira e Renato ergueram um troféu novamente vestidos de branco, dessa vez ao lado de outros meninos, mais jovens, que correm por eles.
O Santos não foi apenas campeão (de novo) de um Campeonato Paulista. O Santos passou por cima de muitos problemas extra-campo de um início sombrio da temporada, que parecia não dar esperança ao seu torcedor mais fanático. Por isso é compreensível que torcedores de outros times procurem falar de "estádio pequeno, dívidas, processos na Justiça ou tamanho de torcida" para tentar bater de frente com a realidade que o incomoda, já que não há o que argumentar sobre o mais importante: o futebol. E neste caso, se o assunto for apenas futebol, é claro que contra fatos e dados não há argumentos.


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