sexta-feira, 29 de maio de 2015

QUANDO OS PÃES DE QUEIJO MURCHAM


O novo e moderno estádio da capital mineira parece estar predestinado ao "Mineirazzo".
Dessa vez não era a seleção brasileira de Felipão, que há pouco menos de um ano foi impiedosamente humilhada por 7 x 1 diante dos alemães. Era o Cruzeiro de Marcelo Oliveira. Jogo de volta das quartas-de-final da Copa Libertadores, Mineirão lotado, em festa. Afinal, o filme da decisão da Libertadores de 2009 não poderia se repetir. O River Plate de agora não era nem a sombra daquele Estudiantes de seis anos atrás, liderado por Verón. Nem o mais pessimista dos cruzeirenses imaginava um pesadelo assim.
O Cruzeiro havia vencido o primeiro jogo no estádio Monumental de Nuñez por 1 x 0 e jogava por um empate dentro de casa. Mas o filme de 2009 se repetiu em forma de pesadelo. E com ares de crueldade nos três gols dos argentinos Sanchez, Maidana e Téo Gutiérrez.
A torcida do Cruzeiro, num misto de espanto e desalento, assistia ao jogo incrédula nas arquibancadas.
Ansiedade? Excesso de confiança? Nervosismo após o primeiro e segundo gols?
Tudo ao mesmo tempo. O Cruzeiro teve todos os ingredientes que poderiam lhe tirar a vaga quase garantida para as semifinais. O time mineiro sentiu o baque depois de levar o segundo gol e ficou perdido em campo. Diferentemente do River Plate que, embora seja um time limitado tecnicamente, tocava muito bem a bola e não alterou sua forma de jogar, sempre perigoso nos rápidos contra-ataques. Aliás, manter o padrão tático é uma faceta peculiar dos times argentinos, ganhando ou perdendo, pressionados ou não. Os jogadores argentinos são frios e calculistas, assim como os europeus. Não perdem a concentração mesmo com algum revés, continuam focados no que realmente é importante a ser almejado durante os 90 minutos. Do mesmo jeito se comporta a torcida argentina, que canta, vibra e incentiva o tempo todo. Também ao contrário dos torcedores brasileiros, que facilmente desanimam quando o time está mal em campo. Se deixam levar pela apreensão, se calam e xingam seus jogadores, deixando-os ainda mais nervosos do que já estão.
Contra o River, Leandro Damião e Alisson, por exemplo, em nenhum momento tiveram tranquilidade, movimentação e capacidade técnica suficientes para fazer a diferença na partida mais importante do Cruzeiro na temporada. No máximo, conseguiram duas bolas na trave, o que não incomodou a superioridade dos "Milionários".
O River Plate jogou sério desde o começo, catimbou como manda a escola argentina, cadenciou o jogo, não se intimidou com o Mineirão lotado e soube explorar com frieza todos os erros cometidos pela equipe brasileira. No final, conquistou o que parecia improvável: fez três gols na casa dos mineiros e garantiu a classificação com placar agregado de 3 x 1. O tal do "peso da camisa" novamente apareceu, uma vez que o River Plate havia feito até então uma campanha bem abaixo do esperado nessa Copa Libertadores.
Se foi um pesadelo para o Cruzeiro e sua torcida no Mineirão, para o River Plate foi um belo filme recheado com cenas de superação, promessas antigas e final feliz.


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