sábado, 16 de abril de 2016

ATITUDE AGORA NA ALTITUDE

*por Adriano Oliveira

Bruno apoiou como deveria o ataque?
Hudson estava em todos os lugares do campo?
Maicon fez bem a marcação em Rodrigo Mora e Alario?
Michel Bastos não foi efetivo?
E Ganso? Criou as jogadas ofensivas que dele se espera?
Patón Bauza soube organizar o time?
Dênis falhou num momento crucial da partida?

(foto: Nelson Almeida/AFP)

O que importam as respostas para as perguntas acima? Nada.
Na partida que até aqui pode ter sido o divisor de águas no semestre para o São Paulo, que fiquem de lado avaliações individuais e análises táticas. Não era esse o confronto para jogar bonito e convencer, mas acima de tudo era necessário vencer. E o principal ingrediente que ainda mantém vivo o sonho da Copa Libertadores para o São Paulo foi a atitude, fundamental na vitória por 2 x 1 sobre o aguerrido River Plate, de Nacho Fernández e D'Alessandro.
Dentro de um Morumbi dessa vez lotado por torcedores enlouquecidos a cada carrinho ou chutão pra fora, o time de Edgardo Bauza finalmente cumpriu seu papel. Sem requintes e tampouco sem dar espetáculo, é verdade. Mas proporcionando ao são-paulino algo que ele ainda não havia enxergado na equipe desde o ano passado: vontade de vencer. O São Paulo que encarou o atual campeão da Libertadores não foi o time sem brio e quase virtual que enfrentou São Bernardo e The Strongest, por exemplo.
Assim como na partida disputada no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, o time conseguiu ser o dono das ações no meio-de-campo, não teve os mesmos erros defensivos e aproveitou as chances que criou. Na frente, um argentino oportunista: Jonathan Calleri, o ex-atacante do Boca Juniors que, sincero, não quer nem imaginar um possível mata-mata diante de seu ex-time. O hermano de 22 anos fez os dois gols contra seu maior rival de outrora e transformou o Morumbi numa extensão de La Bombonera, pulsante e tricolor.
Ao contrário de Luis Fabiano e Alan Kardec, Calleri foi decisivo. Como todo argentino que se preze, até catimbou, provocou e tumultuou, porém com malícia, sem se dar ao luxo de ser expulso, para desespero dos pilhados D'alessandro e Vangioni, que não vão esquecê-lo tão cedo.
Mesmo com a queda de produção no segundo tempo, o São Paulo de Patón Bauza fez aquilo que se espera em jogos de Copa Libertadores: manteve a pegada e mostrou vibração do começo ao fim. A torcida ficou feliz não só com a vitória por 2 x 1, mas principalmente ao ver a postura da equipe diante de um adversário de respeito e com pedigree no torneio sul-americano. Bem diferente do que se viu na imperdoável derrota para o fraco The Strongest em pleno Pacaembu, um pesadelo que até hoje assombra as noites de cada são-paulino.
O que esperar do time em La Paz, no duelo que vale o ponto mais disputado e desejado pelos torcedores até aqui na temporada? Mais uma vez atitude, agora na altitude, que certamente será um adversário bem mais complicado que o próprio time boliviano. 
E por que há esperança? Porque diante do River Plate, o São Paulo simplesmente venceu. Mas o que de fato convenceu foi o brilho nos olhos.

(foto: Marcos Bezerra/Futura Press)



Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

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