domingo, 17 de abril de 2016

O PALMEIRAS E O "GRAN-FINALE" DA DESPEDIDA

*por Adriano Oliveira

O Palmeiras foi muito bem na despedida. Parecia o bom e aguerrido Palmeiras dos clássicos, aquele que joga com vibração incomum do começo ao fim. O "grand finale" (ou "gran finale" na versão em italiano, no caso mais apropriada) teve placar elástico e aplausos. O time de Cuca goleou por 4 x 0 e ainda teve um gol mal anulado pelo árbitro. Fez a sua parte diante de um fraco e inexpressivo adversário, que sequer faz jus ao nome que "roubou" de seu conhecido xará argentino.

(foto: Marcos Ribolli/Globoesporte.com)


Há quem diga que o Nacional, do Uruguai, foi quem não fez a sua parte, ao perder em casa para o forte time do Rosario Central, da Argentina. O mesmo Rosario que antes bombardeou o próprio Palmeiras dentro do Allianz Parque e que, por um capricho dos deuses da bola, acabou no fim sendo derrotado por 2 x 0, ao melhor estilo dos filmes de Rocky Balboa.
O Nacional fez sim a sua parte. Ao contrário dos argentinos, venceu o então time de Marcelo Oliveira por 2 x 0, fora de casa, com dois jogadores a menos. E quando já estava classificado num grupo bastante competitivo, se deu ao luxo de escalar nove jogadores reservas em seu último jogo, sendo que quatro titulares estavam com caxumba. Simples assim. O Rosario Central, que não tem nada a ver com isso, venceu os uruguaios por 2 x 0. Também fez a sua parte. E mesmo que o Palmeiras goleasse o inofensivo River Plate uruguaio por 12 x 0, nada mais adiantaria. Nem sob as bençãos de São Prass, um dos maiores responsáveis pela presença do time nessa edição de Copa Libertadores, mais até que a caneta afiada (e descontrolada) de Alexandre Mattos.
De consolo, aplausos das arquibancadas mesmo diante da eliminação da equipe no torneio sul-americano. É claro que o torcedor do Palmeiras não esperava que o time caísse ainda na etapa de grupos, principalmente da forma como aconteceu, em casa. Torcida ganha jogo? Sim, mas não sempre. E a mesma torcida que canta e vibra, que empurrou o time às finais e ao título da Copa do Brasil, sabe que aplaudir não fará aumentar a qualidade do futebol de Egidio, Allione, Erik, Rafael Marques e companhia. Afinal, aplausos não fazem Dudu se transformar num Didi ou Robinho num Ademir da Guia, tampouco um Alecsandro se tornar um Evair.
O título da Copa do Brasil no ano passado iludiu muita gente. Aquela final vencida sobre o Santos nos pênaltis foi a única grande partida de fato que o Palmeiras fez nos últimos dois anos ou mais. Simplesmente um momento de euforia que fez a diretoria acreditar que o time, reforçado com mais um ou dois jogadores pontuais, teria vida mais longa na Copa Libertadores. Porém, não era possível para um time que se acostumou às "bolas aéreas e lançamentos de longa distância" (leia-se "chuverinhos e chutões") do esquema tático de Marcelo Oliveira herdado por Cuca. Esse foi, talvez, o maior erro de Paulo Nobre e de seu co-piloto Alexandre Mattos. Ter mantido Marcelo Oliveira, que não é um treinador de futebol, mas sim de resultados. Se o Palmeiras tivesse perdido a final da Copa do Brasil para o Santos, o ex-técnico teria sido desligado já no dia seguinte. O título lhe deu sobrevida. E menos vida ao time na temporada atual.
Soma-se à eliminação prematura na Libertadores o prejuízo financeiro nos cofres do clube causado pela perda de gordas arrecadações dos jogos de mata-mata que não mais acontecerão no Allianz Parque. E agora?
O que resta agora é a fase final do Campeonato Paulista e, logo depois, o longo e competitivo Campeonato Brasileiro de pontos corridos. Cuca terá trabalho para estabelecer logo um jeito de a equipe jogar. O treinador não é milagreiro como Fernando Prass tem sido. E, de preferência, não quer "água santa" para benzer o caminho que vem pela frente.

(foto: portal R7)


Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.


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