quinta-feira, 24 de julho de 2014

ATÉ QUANDO O FLAMENGO VAI RESISTIR?

Torcida ganha jogo? Não. Ajuda bastante sim, é claro, independentemente de sua expressão numérica. Mas não ganha. Pelo contrário, diversas vezes até atrapalha ou ajuda o time a sucumbir diante da pressão, das vaias, das cobranças. E por que não do rebaixamento?
O Flamengo, por exemplo. Dono da "maior torcida do mundo", segundo seus próprios torcedores, o clube carioca depois da brilhante geração de Zico, Nunes, Júnior e Adílio coleciona mais infortúnios ou glórias?
Após a conturbada passagem da presidente Patricia Amorim (e de praticamente todos os seus antecessores), Eduardo Bandeira de Mello assumiu o comando na Gávea com a promessa de devolver ao Flamengo, no mínimo, o prestígio que sempre lhe pertenceu.
Só que não. Mais pela força de sua torcida do que pela qualidade do futebol, o Flamengo conseguiu, de importante, o título da Copa do Brasil na última temporada. E só. Neste ano, com todos os mesmos problemas de sempre, o time sequer passou da etapa de grupos da Copa Libertadores da América. Uma enorme frustração. E agora, no Campeonato Brasileiro, a equipe mostra mais do mesmo do que mostrou na última década: a iminência de rebaixamento.
Nesta última semana, as duas últimas pérolas. Depois de mais uma derrota no Brasileiro, dessa vez por uma goleada de 4 x 0 para o Internacional, torcedores rubro-negros resolveram escolher o mais novo culpado: o lateral André Santos, que foi agredido após a partida disputada no Sul. Dias depois, a diretoria do clube decidiu rescindir o contrato de André Santos.
O lateral-esquerdo merece ser dispensado? Talvez, uma vez que está rendendo pouco (bem pouco) na equipe. Mas então seria essa a solução para fazer o elenco render? A última coisa em sã consciência que deveria ser feita era a demissão de André Santos. Essa decisão seria escancarar a "razão" da torcida organizada. Ao melhor estilo "Se bater, as coisas mudam". E quem seria o próximo jogador a servir de exemplo? O que aconteceria a partir dessa atitude marginal, de parte da torcida, referendada pela diretoria do clube?
Percebendo o erro, os dirigentes voltaram atrás. O que representou, pelo menos, falta de coerência ou profissionalismo. E André Santos continua.
Ao mesmo tempo, o técnico Ney Franco foi dispensado. E para seu lugar foi chamado quem? Vanderlei Luxemburgo, ele mesmo. Quase um funcionário do Flamengo, que fica afastado por algum período de tempo e depois retorna, sempre com seu temperamento forte e suas previsíveis palavras de incentivo. Dessa vez, "pensando em Libertadores", mesmo no rodapé da tabela.
Nas quatro passagens como técnico do time de "maior torcida do mundo", Luxemburgo conquistou um único torneio estadual, ainda na administração de Patricia Amorim. Mais nada. E volta e meia, o recolocam no comando do time, com seus discursos ufanistas, seu alto salário e seus resultados cada vez mais decadentes.
Pela exposição na mídia, pelo tamanho de sua torcida e pela grandeza, o Flamengo deveria ser hoje o maior clube da América do Sul. Mas está longe, muito longe disso. Graças aos gênios arrogantes do futebol brasileiro.
Luxemburgo prometeu uma "revolução", mas sabe que, com alguma sorte, chega no máximo até o fim da temporada como técnico do Flamengo. E estará sempre a disposição, até a próxima crise.
E não, de uma vez por todas, torcida não ganha jogo. Nem que seja a "maior torcida do mundo".

Nenhum comentário: