segunda-feira, 7 de julho de 2014

ROBINHO SERIA O CURINGA NO BARALHO DE FELIPÃO


Pelé representava para a seleção brasileira da Copa de 1962 a mesma importância que Neymar representa para a seleção da Copa de 2014, guardadas, é claro, as devidas proporções.
Amarildo entrou no lugar de Pelé e foi decisivo, além do que se esperava dele. Fez 3 gols em quatro jogos, sendo os 2 gols da vitória por 2 x 1 sobre a Espanha, de virada, na época a seleção mais temida da Europa. Mas além de Pelé, o Brasil tinha Vavá, Nilton Santos e Garrincha. Esse último tão espetacular quanto o Rei do Futebol. E veio o bicampeonato mundial no Chile, mesmo sem Pelé.
E agora em 2014?
Com a saída de Neymar, por sinal com os mesmos 22 anos que Pelé tinha em 1962, quem pode assumir a responsabilidade e conduzir o Brasil ao hexa restando apenas dois jogos?
Não há hoje no futebol brasileiro um jogador no mesmo nível de Neymar. Em qualquer aspecto. Talentoso e midiático, Neymar está no topo, bem acima dos demais jogadores que estão à sua sombra.
E se não temos no momento outro jogador para assumir o posto estelar do menino-craque, precisamos de pelo menos um “Amarildo”.
Ou será que não temos sequer um "Amarildo" em 2014?
Poderia ser Lucas? Sim. Jogador também jovem, bastante habilidoso e de raciocínio rápido. Mas Lucas não tem a mesma "experiência" de Neymar em lidar com a pressão que vem de todos os lados. Até nesse quesito Neymar aprendeu rápido e sempre se saiu muito bem.
Bernard é esforçado, possui habilidade, porém se destaca mais pela correria do meio para a frente. É pouco decisivo e não finaliza tão bem. Talvez um Maikon Leite melhorado, com grife.
William é versátil, joga em várias funções, voluntarioso, mas longe de ser um jogador que desequilibra, que faz a jogada inesperada que somente os craques conseguem fazer.
O jogador que mais se aproxima do “Amarildo” seria Robinho. Audacioso, driblador, travesso, hoje o atacante nato com a experiência e o "jogo de cintura" necessários nessa altura da Copa do Mundo. Seria. Impossível retirá-lo agora do álbum de figurinhas da Copa e adesivá-lo no Mineirão ou no Maracanã.
Como se vê, estamos em situações opostas 52 anos depois da conquista da Jules Rimet no Chile. O Brasil era uma equipe muito técnica e ofensiva, contra um adversário temido. E só. Enquanto sobrava talento ao elenco brasileiro.
Hoje a Alemanha é uma equipe altamente competitiva, melhor tecnicamente que o time brasileiro (quem diria, hein?), com quase uma muralha debaixo das traves.
Já que não temos um curinga no baralho de Felipão, resta ao treinador orientar o time para segurar o jogo atrás e sair nos contra-ataques, aguardando um erro dos alemães. Por quê não? A Costa Rica fez isso a Copa inteira e por muito pouco não avançou às semi-finais, desbancando pelo caminho seleções fortes e tradicionais como Uruguai, Inglaterra, Itália e quase a Holanda.
Por outro lado, adotar essa tática em plena semi-final dentro de casa, seria escancarar que o Brasil possui atualmente um nível técnico muito baixo e que a dependência de Neymar é absoluta. Não combina com o estilo de Felipão, onde o padrão coletivo sempre foi o mais importante.
Mas também podemos ser mais brasileiros e atacar, como sugere a nossa escola. Afinal, a Alemanha teve grande dificuldade para empatar em 2 x 2 com a seleção de Gana, ainda na primeira fase, num jogo em que os africanos não abdicaram de jogar para frente, em vários momentos sufocando os alemães.
Esse era o jogo de Amarildo. E 52 anos depois, seria a hora de Robinho.

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