sábado, 18 de julho de 2015

CARLITOS E AS LÓGICAS DO FUTEBOL


Como diz o ex-craque Tostão, "o futebol tem lógica, porém, as lógicas são muitas".
Carlos Alberto Martínez Tevez, ou Carlitos Tevez, vive o auge na carreira. Aos 31 anos, o atacante argentino defendeu somente seis clubes e conquistou os Campeonatos Argentino, Brasileiro e Italiano, as Copas da Inglaterra e da Itália, a Copa Libertadores da América, a Liga dos Campeões da Europa e o Mundial de Clubes. Só não levantou troféu pelo modesto inglês West Ham, onde foi jogar logo depois que deixou o Corinthians de Kia Joorabchian. Ao todo, foram 18 títulos conquistados, 14 deles fora de seu país.
Carlitos deixou a Juventus de lado, onde fez 29 gols na última temporada e acabou de ser vice-campeão europeu. Poderia continuar jogando em "la Vecchia Signora" e tinha também uma pomposa proposta do Atlético de Madrid. Tem ainda espaço garantido no milionário futebol do Velho Continente, mas preferiu dizer não e regressar às terras tupiniquins para voltar a defender seu clube de coração, o Boca Juniors, onde começou sua carreira em 2001.
"O dinheiro não compra felicidade", declarou diante de quase 50 mil fanáticos torcedores que lotaram La Bombonera durante sua apresentação, em plena segunda-feira a noite. O Boca não estava em campo, mas estava um de seus súditos. Sim, Tevez voltou para o Boca Juniors exatamente dez anos depois de começar sua trajetória no exterior. Lá fora ganhou fama, prestígio, troféus e bastante dinheiro. Acontece que, como diz a célebre frase de Tostão, o futebol é muito mais do que isso. É mais até do que os 110 jogos, os 38 gols e os quatro títulos conquistados jogando com a camisa do Boca, entre eles um continental e um mundial. Futebol é, acima de tudo, mais paixão do que razão. E o retorno ao Boca não foi um retrocesso, mas foi coroar com paixão uma carreira vitoriosa.
Se abdicar de salários bem mais elevados e de uma clara e evidente competitividade maior no futebol europeu para voltar a jogar pelo clube que o revelou, não tem preço para o apaixonado torcedor. E tampouco para Tevez. Para os dirigentes e empresários, é preciso dar o que sempre será deles. Porém, felizmente o futebol tem muitas lógicas e não é apenas uma ciência exata composta por números e cifras. Para o torcedor, o mais importante é o que faz Tevez com a bola nos pés e o escudo do Boca no peito. O que vale é o encanto, a raça, os dribles, os gols e a ginga de Carlitos. E, principalmente, seu carismático e inconfundível sorriso estampado no rosto ao comemorar seus gols e suas vitórias.
Carlitos Tevez está um patamar abaixo de Diego Maradona e Román Riquelme no coração dos xeneizes. Mas ídolos ocupam um espaço e um sentimento reservado no coração dos torcedores. O torcedor sabe distinguir a importância de cada um, adora todos e não consegue imaginar o time sem eles.
Carlitos também disse que "se  levantava e ia dormir pensando em que dia voltaria ao Boca". A torcida do Boca também. E no futebol assim como na vida, nada continua. Tudo recomeça.

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