sábado, 15 de agosto de 2015

O "ARTILHEIRO DO AMOR" E A BOLA SEM CORAÇÃO


Vágner Silva de Souza, o Vágner Love, é um jogador de futebol, no máximo, mediano. O tal do "grosso" que deu certo. Menos para os corintianos, que sempre tiveram mais motivos para odiá-lo do que para tentar amá-lo. Afinal, o tal do "Artilheiro do Amor" foi projetado pelo rival Palmeiras e, pelo Flamengo, marcou um dos gols mais intragáveis que o torcedor corintiano já teve de amargar, em pleno ano do centenário.
Mas será que alguém acompanha os campeonatos russo e chinês? Pois é. Parece que o técnico Tite também não acompanhou nos últimos anos, ao decidir indicar e avalizar sua contratação. Love decepcionou o comandante. Desde fevereiro no clube, marcou somente cinco gols, ou seja, menos de um gol por mês. Isso gerou um custo aos cofres do Parque São Jorge de quase R$ 600 mil por cada gol seu, já que o atacante de 31 anos possui um dos maiores salários do elenco. Tal desempenho sofrível fez Tite o colocar na reserva até mesmo do paraguaio Ángel Romero, outra decepção. E por falar em Paraguai, Vágner Love sequer foi relacionado para o banco de reservas no jogo mais importante do time até então nessa temporada: contra o Guaraní, do Paraguai, quando o Corinthians foi eliminado em pleno Itaquerão ainda nas oitavas-de-final da Copa Libertadores. Love está agora na reserva de Luciano, esse sim um jovem atacante habilidoso e com faro de gol. E só será titular em caso de contusão ou suspensão desse jogador que foi artilheiro da seleção brasileira que disputou os jogos Pan-Americanos. Sobre relação custo-benefício, outra enorme vantagem de Luciano: a promessa de 22 anos recebe cerca de 10% do salário de Vágner Love.
Mas Love até que se esforça quando está dentro de campo. O problema é que a bola perece ter vida própria, ela teima em fugir de seu pé, que chega sempre centímetros a frente ou atrás no momento do arremate. "Malvada", a bola geralmente sobe quando deveria seguir rasteira, ou vai para o lado esquerdo quando deveria ir para o direito. Parece até que, no decorrer das partidas, surge na cabeça de Love o desejo terrível para que seus companheiros não virem para o seu lado, não lhe dêem bons passes e que os lançamentos não o coloquem na cara do gol. Porque o gol vai ficar pequeno demais e a bola não vai entrar. Pobre "Artilheiro do Amor". O que você fez ou deixou de fazer para a bola lhe tratar assim, tão cruel e sem coração?
Bem distante do que Tite imaginava há seis meses, ele nunca esteve à altura de substituir o peruano Paolo Guerrero, que foi para o Flamengo. Aliás, seu time do coração.
E por falar em Flamengo, pergunte no Itaquerão qual é o gol feito por Vágner Love que imediatamente vem à cabeça do corintiano. Certamente a maioria citará o gol feito no Pacaembu, numa noite fria de uma quarta-feira de 2010, começo do 2º tempo. Após passe de Kleberson, um chute na diagonal: o gol do Flamengo na vitória do Corinthians por 2 x 1. O gol que levou os corintianos mais uma vez ao desespero, em mais uma eliminação da Libertadores, justamente no ano em que o clube completava 100 anos e dentro do maior projeto rumo ao primeiro título do torneio sul-americano. Sim, a maioria dos corintianos se lembra desse gol de Vágner Love pelo Flamengo em 2010. Mas não se lembra ou não se importa com seus cinco gols feitos em 2015. E sem paciência, tampouco piedade a um ex-palmeirense, cada vez mais dá crédito e confiança ao novato Luciano.
E se não se acerta com a bola no pé, logo o pé da torcida o mandará de volta para algum campeonato inexpressivo do leste europeu ou da China. Lugares em que o "grosso" pode dar certo.

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