terça-feira, 25 de agosto de 2015

OSÓRIO: VIRADO À PAULISTA OU TEQUILA MEXICANA?


O atual time do São Paulo não é um primor de técnica ou disciplina tática, é verdade. Embora no Campeonato Brasileiro, apesar da má fase, ainda esteja numa situação melhor do que o time de 2013 e abaixo do que rendeu o de 2014, que tinha Kaká como principal jogador. E todos sabem (incluindo a diretoria) que o técnico Juan Carlos Osório não tem material humano de qualidade para realizar em campo aquilo que prega fora dele: um futebol vistoso e contemporâneo. Porém, se Osório não tem em mãos a Ferrari que um dia talvez alguém o fez imaginar que teria, também não está dirigindo um Fusca. Afinal, uma equipe composta por Carlinhos, Wesley, Paulo Henrique Ganso, Alexandre Pato, Michel Bastos e Luis Fabiano de forma alguma pode perder por 2 x 1, dentro do Morumbi, para o time reserva do lanterna da Série B, o Ceará. Um vexame só comparado à eliminação da mesma Copa do Brasil no ano passado diante do Bragantino, curiosamente o então 18º colocado da Série B. Uma derrota por 3 x 1, também no Morumbi. "Um dos dias mais tristes da minha vida", como sentenciou o ex-técnico Muricy Ramalho depois daquela partida.
E o que pensa o técnico Osório após a derrota para o Ceará?
" – Sentimentos confusos" - declarou cabisbaixo o treinador colombiano em entrevista coletiva.
Diante de um modesto Ceará, que ao mandar a campo 9 reservas deixava claro seu desinteresse pela Copa do Brasil devido ao enorme favoritismo do São Paulo, o técnico Osório utilizou um esquema ofensivo que funcionou pelo menos nas estatísticas: o São Paulo teve 74% de posse de bola, acertou 92% dos 568 passes que trocou e finalizou 22 vezes. Então por que a bola só entrou uma vez quando o Ceará já vencia por 2 x 0? Por causa de uma coleção de desacertos que se sucedem jogo após jogo, com erros individuais, falhas de posicionamento e um nervosismo absurdo, que agora causa discussão entre os próprios jogadores e bate-boca até com torcedores nas arquibancadas.
Nem o mais otimista torcedor cearense acreditava que poderia vencer o São Paulo, no Morumbi, com 9 reservas. O revés por 2 x 1 e a eventual eliminação do torneio nacional soa mais como demérito do São Paulo ao invés de mérito do Ceará, que usou seu único expediente possível durante os 90 minutos: marcação forte e 11 jogadores no campo de defesa a espera de uma bola. No caso, foram presentados pelos Deuses do Futebol com duas bolas. E foram fatais quando tiveram suas únicas oportunidades.
A pressão externa aumenta cada vez mais a tensão interna no Morumbi. E chegou a hora de Osório colocar sua experiência à prova e mostrar que sabe e pode lidar com essa situação. Do contrário, melhor pegar seu boné e degustar saborosas tequilas em bares mexicanos, já que ele foi convidado a treinar a seleção do México.
O São Paulo, há tempos, é um time cheio de vaidades individuais. Sem a presença de um Kaká e de um Muricy dentro e na beirada do campo, os jogadores parecem correr de um lado para o outro ansiosos, desordenados, assustados. O esquema tático, estudado e preparado por Osório para ser usado por um Barcelona, Real Madrid ou Bayern, no São Paulo fica desorganizado, quase bagunçado, e longe de ser assimilado por um Wesley, um Thiago Mendes ou um Luiz Eduardo. É preciso adequar um padrão de jogo ao que ele tem em mãos, é claro que bem distante de uma Ferrari, mas por outro lado bem acima de um Fusca. E se não dá para jogar um futebol brilhante com esse elenco, que seja ao menos eficiente para vencer o último colocado da Segunda Divisão dentro de casa.
Se não há qualidade técnica disponível, Osório não pode neste momento ter preguiça de pelo menos tentar melhorar a condição emocional de sua equipe. Precisa jogar seus bilhetinhos e suas canetas vermelha e azul para cima e chamar os jogadores para conversar, "olho no olho". Ele precisa mensurar o potencial de cada um e parar de "inventar", como por exemplo evitar mexer no time titular a cada jogo e colocar jogadores fora das posições em que mais rendem.
Osório não possui métodos e conceitos que o credenciam à revolucionar o futebol brasileiro, como muita gente acreditou e ainda acredita. Menos ainda com Carlinhos, Breno, Reinaldo e Lucão. E é exatamente por esse motivo que o técnico colombiano precisa repensar algumas de suas convicções e enxergar melhor sua parcela de culpa.

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