sábado, 12 de março de 2016

INCERTEZAS OU ESPERANÇA NA LIBERTADORES?

*por Adriano Oliveira

Logo depois da vitória de seu time por 2 x 0 no clássico contra o Corinthians, o lateral santista Victor Ferraz confessou que é "horrível" ver pela TV os jogos dos rivais na Copa Libertadores da América. Pior ainda para o torcedor do Santos que, mais do que nunca, sabe que seu time tinha em 2015 e tem futebol para estar ali.
Pode ser que o jogador do time da Vila Belmiro tenha "agourado" a semana dos clubes paulistas que disputam o torneio sul-americano. Ou será que apenas algumas incertezas começaram a ganhar força?


O Palmeiras, por exemplo. Dos quatro últimos jogos disputados no Allianz Parque, o time do ex-técnico Marcelo Oliveira só venceu, de fato, um. Goleou o modesto Capivariano, perdeu para Ferroviária e Nacional-URU e "venceu" o Rosario Central-ARG por 2 x 0. Venceu? Sim, mas da maneira mais ilusória que se possa imaginar, ao melhor estilo dos filmes de Rocky Balboa. Enquanto chovia, o jogo estava equilibrado. No 2º tempo, sem chuva, sobressaiu em campo o time de maior qualidade e o que se viu foi um bombardeio dos argentinos, que até perderam pênalti. Muita gente ainda decretou o triunfo sobre o Rosario como "heróico" ou "histórico". Contudo, uma semana depois, a sorte não foi capaz de proteger mais uma vez o show de bolas aéreas do time palmeirense e veio a derrota por 2 x 1 para os uruguaios do Nacional.
Marcelo Oliveira é um técnico de resultados. Foi bicampeão brasileiro com o Cruzeiro, mais por méritos de um time eficiente liderado por Everton Ribeiro e Ricardo Goulart que pelo seu conceito de jogo. Quando perdeu peças importantes do elenco, o esquema tático baseado no excesso de bolas alçadas na área não funcionou. No Palmeiras não foi diferente. Marcelo Oliveira não mostrou nada de novo e o padrão de jogo (ou a falta dele) continuou sendo viver de "chuveirinhos". Sua saída do Palmeiras provavelmente teria acontecido no dia seguinte à final da Copa do Brasil do ano passado, não fosse o título conquistado (nos pênaltis) diante do Santos, o que deu sobrevida ao treinador. Até a página 3 da etapa de grupos da Libertadores, quando não suportou a pressão e sucumbiu à falta dos resultados esperados principalmente dentro de casa. Isso mostra que o "planejamento" de Paulo Nobre e Alexandre Mattos não foi suficiente para segurar um treinador que sempre viveu de resultados e que, dessa e mais uma vez, não aconteceram.


O Corinthians também perdeu. Para o fraco time do Cerro Porteño que ocupa somente o 9º lugar no Campeonato Paraguaio deste ano.
" - Ahh... mas se o Corinthians não tivesse dois jogadores expulsos não perderia.."
 Talvez. Mas faltou malícia ao time de Tite enquanto vencia por 1 x 0. Segurar o jogo, tocar e manter a posse de bola. Ingredientes indispensáveis do Corinthians campeão brasileiro de 2015. Porém, hoje falta qualidade ao elenco. Tite até tentou usar o velho conhecido esquema tático do ano passado, mas o time é outro. As peças são outras. O Corinthians tomou o gol de empate, perdeu o meio-campo, se descontrolou emocionalmente com dois jogadores expulsos e levou a virada dos pés do esforçado atacante Beltrán. No fim do 2º tempo, ainda fez um gol de pênalti, mas o placar de 3 x 2 mostrou falta de maturidade da equipe para partidas como essa, típicas de Copa Libertadores.


O que faltou ao time de Tite, sobrou para o São Paulo de Bauza dentro do lotado Monumental de Nuñez. Nem o mais otimista dos são-paulinos imaginava uma atuação tão convincente da equipe. Não, o time não venceu. Apenas empatou em 1 x 1, mas com sabor de vitória. Pode ser pouco para um time da grandeza do São Paulo, porém é o primeiro passo para se ganhar confiança. Não fosse a falha crucial do goleiro Dênis (que, após cobrança de escanteio, se atrapalhou num lance simples entre ele e a bola, sozinho na pequena área) e a catimba exagerada do atacante Calleri (que de tanto tentar induzir a arbitragem teve um suposto pênalti não assinalado no fim do 1º tempo), o time de Edgardo Bauza poderia sim ter saído do Monumental com uma vitória sobre o atual campeão River Plate. Não que, a exemplo do que aconteceu com o Palmeiras diante do Rosario, o empate em Buenos Aires tenha sido "heróico". Mas foi um resultado inesperado para um time então desacreditado e pressionado, que vinha de uma derrota por 3 x 1, de virada e no Pacaembu, para o despretensioso São Bernardo, pelo Campeonato Paulista. Paulo Henrique Ganso, aos poucos, parece readquirir sua condição de estrela do time, e fez seu terceiro gol em três partidas seguidas. A campanha #ChutaGanso começa a surtir efeito, algo que o técnico Muricy Ramalho já implorava desde a época em que o meia era seu jogador no Santos.
No Monumental, o São Paulo respeitou o tradicional adversário, mas não teve medo de jogar. Diferentemente de antes, quando o time parecia jogar para não perder. Contra os temidos argentinos, mesmo que improvável e sob pressão de sua fanática torcida, o time jogou para ganhar. Concentrado, dominando as ações no meio-campo desde o início e com disposição de sobra, o time de Bauza não só conseguiu um bom resultado, mas principalmente deu esperança a quem não tinha: o próprio torcedor são-paulino.


* Adriano Oliveira tem este blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

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