segunda-feira, 7 de março de 2016

UM CLÁSSICO SEM SURPRESAS NA VILA

*por Adriano Oliveira


O santista nunca esteve tão otimista para um clássico como nesse diante do então ainda invicto Corinthians, pela 8ª rodada do Campeonato Paulista. Sem surpresas, o 2 x 0 ficou barato, principalmente pelo que jogou o time da casa no 1º tempo. O placar só não foi mais elástico a favor do Santos porque as atuações de Serginho e Gabriel compensaram a ausência de um ou outro titular no time de Tite. Mais uma vez, o jovem atacante santista aceitou demais a marcação sob pressão imposta pela defesa adversária e teve pouca movimentação, deixando seu companheiro de ataque Ricardo Oliveira praticamente como única opção para o meia Lucas Lima.
Pela vitória convincente, méritos para Dorival Júnior que mostra sua evolução como treinador desde que retornou ao Santos. O time é bem treinado coletivamente, sabe prender a bola, toca sempre no chão, de pé em pé e não faz ligação direta da defesa para o ataque. Contra o Corinthians, por exemplo, a equipe diversas vezes carregou a bola para a frente desde o campo de defesa, como no primeiro gol logo aos 8 minutos iniciais, mesmo com a forte marcação e a formação defensiva montada por Tite. E um detalhe: antes do primeiro gol, o time de Dorival Júnior já havia batido três escanteios, o que afirma sua força ofensiva.
Ricardo Oliveira e Lucas Lima foram os protagonistas e mostraram que merecem as respectivas vagas na seleção brasileira. E como titulares. O veterano centroavante chegou ao seu 15º gol em 18 clássicos disputados desde que voltou ao Santos. E Lucas Lima novamente dominou o meio de campo e foi o jogador que ficou por mais tempo com a bola nos pés durante o clássico. Veloz, habilidoso e com visão de jogo apurada, se desloca facilmente por todos os lados confundindo os defensores rivais. Com a segurança de Thiago Maia e Renato jogando ao seu lado como volantes, ele tem liberdade para atacar carregando a bola como nenhum outro meia faz hoje no futebol brasileiro.
Tite sabia da dificuldade que seria enfrentar o Santos na Vila Belmiro. Com ou sem alguns titulares. E armou o time para não perder e esperar da maneira mais paciente possível por aquela bola parada "salvadora" ou por algum lampejo de inspiração individual que pudessem lhe dar um gol. A proposta funcionou em algumas partidas, quando o Corinthians empatou ou conseguiu vencer pelo placar mínimo nos minutos finais. A estratégia não deu certo diante de uma equipe ofensiva e mais organizada taticamente. A única bola defendida pelo goleiro Vanderlei no 1º tempo, por exemplo, foi um tiro de meta batido por Cássio que atravessou toda a extensão do campo. Muito pouco para o Corinthians, seja o time considerado B, C ou Z.
Os dois gols de Ricardo Oliveira, o primeiro por puro oportunismo e o segundo com técnica e talento (que deixou o zagueiro Yago deitado e desconsertou o goleiro Cássio com uma sutil cavadinha), comprovaram que o Santos agiu certo em não aceitar a proposta do futebol chinês pelo seu artilheiro e principal atacante do Brasil na atualidade. Até porque, se fosse jogar no inexpressivo time chinês, Ricardo jamais voltaria a vestir a camisa da seleção brasileira, um de seus grandes objetivos mesmo às vésperas do fim da carreira.
E do que se pode realmente tirar proveito dos torneios estaduais?
De clássicos como esse. Eles são as únicas atrações. Um campeonato a parte onde se reacendem a tradição e a rivalidade. Nos clássicos a motivação é outra, a pegada é diferente, a atmosfera contagia. E é num clássico que todos podem avaliar como está a real condição de uma equipe. Se o time está realmente preparado ou não para o que de fato interessa na temporada.

Dizem por aí que, se for campeão, o time grande não fez mais do que a obrigação num "torneio que não vale nada". Mas por outro lado, se for mal, especialmente nos clássicos, o time grande seguramente entra em crise.


Adriano Oliveira tem este blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10

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