domingo, 20 de março de 2016

PARA ELA, É IMPOSSÍVEL NÃO GOSTAR DE FUTEBOL.. MAS SEM "MIMIMI".

*por Adriano Oliveira


Paula tem 32 anos e é são-paulina desde os 10. Uma leonina que repudia o egoísmo e a desonestidade, é a "faz-tudo" em seu trabalho e acredita que "Diego Lugano será o líder que o São Paulo tanto precisa". Apaixonada pelo "futebol bem jogado", prefere os pontos corridos e revela que já chorou inúmeras vezes por futebol, "de alegria e de tristeza". Gosta de um bom bate-papo, de comida japonesa e simplesmente "ama churrasco, embora não resista aos doces".
A seguir, um pouco mais do que pensa essa torcedora inteligente, objetiva e de sorriso fácil, mas é bom ter cuidado... a Paula pode "azedar" em questão de segundos...

- Onde você estava e qual foi sua reação no fatídico 7 x 1?
Estava em uma pizzaria. Não conseguia acreditar no placar. Aos 35' do primeiro tempo, ninguém prestava atenção no jogo. Todos incrédulos nas mesas. Paramos de assistir para saborear uma boa pizza, até comemoramos o gol de honra (risos). Um placar inexplicável.


- E quem é o culpado pelo 7 x 1?
A arrogância e a prepotência dos dirigentes, jogadores e principalmente do Felipão. É clichê, mas não existe mais bobo no futebol. Pagamos caro demais, vexame esse que será lembrado por anos, anos e anos...

- Na sua opinião, qual é o grande mal do século 21?
O egoísmo. Cada vez menos o “nós” e cada vez mais o “eu”.


- Apesar de toda a estrutura que oferece, por que o CT de Cotia não revela talentos para o time profissional do São Paulo?
"Resort de Luxo São Paulo Futebol Clube". Assim chamo Cotia, que está infestado de empresários que querem colocar “seus atletas” apenas para ganhar dinheiro nas transferências.  Hoje em dia, a molecada quer sombra e água fresca. Quer status, vida boa, sem ao menos trabalhar.
Lucas, uma das grandes revelações de Cotia, além de ser bom de bola, demonstrava vontade, raça, amor à camisa.  Hoje existe o amor ao passaporte, aos altos valores salariais.


- Em julho de 2010, Muricy Ramalho recusou o cargo de técnico da seleção brasileira porque estava apalavrada sua renovação de contrato junto à diretoria do Fluminense. Você acredita que desde então as portas da CBF foram fechadas para ele?
A CBF fechou as portas para ele. Mas Muricy acertou em não entrar nessa enrascada.
Ele não teria autonomia total sobre o seu trabalho. E com tantas coisas erradas, certamente não ficaria calado. As faíscas sairiam a todo momento.


- A violência em nosso país é um problema cultural ou uma consequência da pobreza?
Complicado. Muitos roubam por não ter uma “condição de vida melhor”. Outros roubam por “prazer”.  O que falta mesmo é caráter!

- Se todas as torcidas organizadas forem extintas, acaba-se a violência nos estádios de futebol?
Não. O fanatismo e a ignorância por parte de alguns não deixará de existir.


- Ricardo Oliveira ou Fred?
Ricardo Oliveira, sem dúvida alguma!


- Na sua opinião, o que é mais importante num time de futebol: garra ou talento?
Não adianta talento sem vontade e garra sem talento.
Talento e garra, a combinação perfeita.


- Você gostaria de ver Tite como técnico do São Paulo?
Tempos atrás, sim. Hoje, não.
Tite obtém resultados, mas o futebol apresentado pelo time não enche os olhos, não dá prazer de assistir. Dá gosto assistir aos jogos do Barcelona por qual motivo? A troca de passes, a categoria dos atletas.


- Além de futebol, quais outros esportes você gosta e acompanha?
Vôlei, tênis, começando a acompanhar NFL e, confesso, apaixonada.


- Qual dos dois times se saiu melhor na troca entre Jadson e Alexandre Pato no começo de 2014? Corinthians ou São Paulo?
No Corinthians, Jadson caiu como uma luva no time do Tite. Hoje está ganhando fortunas na China. No São Paulo, Alexandre Pato recuperou o bom futebol, mas... Retornou ao clube de Itaquera. E sabe-se lá qual será seu futuro.
No fim das contas, Corinthians.


- Pato está fazendo falta no ataque do São Paulo?
Pato vivia um bom momento no clube. Torci pela permanência dele, mas... Ele quer o glamour da Europa (risos). Chega de jogadores descompromissados com o clube.


- Você acha que o cidadão brasileiro é vítima ou também contribui para o problema da corrupção no país?
De vítima, o brasileiro não tem nada. Deixa tudo para a última hora e sempre tem aquele "jeitinho" pra resolver seus problemas.


- Juan Carlos Osório ou Edgardo Bauza?
Sacanagem essa pergunta (risos). São trabalhos distintos.
Mas escolho Osório. Gosto da forma de trabalhar do Osório. Entende e muito de futebol, é um estudioso. Edgardo Bauza está trabalhando com elenco limitadíssimo tecnicamente. Errando com algumas insistências, como Centurion.  Espero e torço para que ele consiga desenvolver sua filosofia de trabalho.


- Um jogo inesquecível.
Até o momento, o Mundial de 2005, sem dúvida nenhuma! Muitas lágrimas e gritos pós-jogo e a felicidade de ver meu São Paulo vencedor!


- Em quem você teria votado para melhor jogador do mundo de 2015: Cristiano Ronaldo, Lionel Messi ou Neymar?
Pergunta fácil... Messi, sem mais.

- Por que Vanderlei Luxemburgo nunca foi convidado para ser técnico do São Paulo?
A briga de egos entre diretoria e treinador seria enorme. E no atual momento, Luxemburgo não tem nada a acrescentar ao São Paulo, acredito até que não acrescente em nada no futebol.


- Em sua opinião, o que é mais difícil para um treinador de futebol: lidar com a parte psicológica dos jogadores ou implementar seus métodos de treinamento e táticas de jogo?
Implementar sua forma de trabalhar. Quando o grupo resolve “fritar” o treinador, infelizmente conseguem. Principalmente no Brasil, onde técnico estrangeiro não é bem visto. Atletas, alguns dirigentes, parte da torcida e profissionais de imprensa não gostam ou simplesmente não respeitam. Ou não querem entender.

- Flamengo e Corinthians são mais falados porque têm mais torcida ou têm mais torcida porque são mais falados?
Eu não sei (risos). Brincadeira...
Flamengo e Corinthians tem mais espaço na mídia. Inevitavelmente, a torcida por esses times é maior.


- Luis Fabiano ou Aloísio Chulapa?
Chulapa é querido pela torcida, demonstra todo o seu amor e respeito pela instituição São Paulo Futebol Clube. Luis Fabiano teve sua história no clube, sem títulos de expressão. Errou em vários momentos, por ser explosivo demais.
Ficaria com Luis Aloísio Fabiano Chulapa (risos).


- Em sua despedida, Kobe Bryant foi aplaudido por todas as torcidas adversárias, inclusive pela arquirrival Detroyt Pistons. Na Argentina, Diego Maradona também é venerado nos estádios em todos os jogos da seleção local por todas as torcidas, inclusive do River Plate. Você acredita que, no Brasil, o excesso de clubismo impede o reconhecimento de ídolos como Rogério Ceni e Neymar, por exemplo?
Sem dúvida nenhuma. A falta de reconhecimento é ridícula. Reconhecer a importância de um jogador, mesmo que seja de outro clube, parece ser crime no Brasil. Alguns falam com deboche da carreira do Ceni. Algo inadmissível. 25 anos não são 25 dias.
Neymar é querido por todos, com algumas exceções.


- Você gostaria de ver Rogério Ceni como presidente do São Paulo?
Não. Talvez como gerente de futebol. Torcida não tem memória. Principalmente a tricolor, "mimizenta" demais (risos).


- Mata-mata ou pontos corridos?
Pontos corridos.
No Campeonato Brasileiro de 2002, o São Paulo terminou a 1° fase com a melhor campanha, mas acabou eliminado pelo 8° colocado, o Santos (risos). Mata-mata tem a emoção dos jogos decisivos. Pontos corridos é mais justo com quem planeja sua caminhada durante o ano.


- Em 2002, o capitão Cafu levantou o troféu do penta com a seguinte frase em sua camisa: “100% Jardim Irene”. O que a Paula, se fosse capitã em 2018, escreveria em sua camisa ao erguer a taça do hexa?
"Vem gente!" (risos).


- Cristiano Ronaldo é mais midiático que craque?
Craque midiático. Adora um holofote (risos).


- Muricy Ramalho ou Paulo Autuori?
Autuori tri-mundial. Jamais esqueceremos, mas... "É Muricy! É Muricy! É Muricy!..." Quem nos salvaria da segunda divisão? Tinha que ser ele. Muricy, por toda a sua historia no clube. Mas sinceramente, não quero que ele volte a treinar meu tricolor. Tudo na vida tem um ponto final, o "virar de página", o seguir em frente.

- Diego Lugano está sendo, dentro de campo, o líder que os são-paulinos esperam?
Lugano não imaginava o tamanho do problema no São Paulo. Ele terá trabalho, mas será o líder que precisamos, para sair desse momento difícil.


- O que a Paula não admite em hipótese alguma?
Desonestidade.


- Qual foi sua maior tristeza no futebol?
Toda eliminação do São Paulo, em qualquer campeonato, é uma tristeza. Perder a Libertadores de 2006, da forma como perdemos... Chorei demais, de soluçar. O atual momento do clube também é triste demais. Esperamos por dias melhores desde 2009. Que comece a tal faxina, para o São Paulo voltar a ser São Paulo.

- O futebol, de um modo geral, ainda é um meio machista?
Infelizmente, sim. Mulher não pode gostar e entender de futebol. É crime! Para muitos, estádio é local somente para homens. Eu gosto, discuto e, sempre que possível, vou ao estádio.


- Na sua opinião, qual foi o momento mais importante da carreira de Rogério Ceni? E o que faltou?
A sequência de títulos de 2005 à 2008. Não faltou nada. A carreira dele é linda.


- Dos 131 gols de Rogério Ceni, o centésimo foi o que você mais comemorou?
Certamente, sim. Por ser clássico, por ser contra o Corinthians. Por ser "goolllllllllll do M1to", é gol do São Paulo (risos).


- Carlos Miguel Aidar foi o pior presidente da história do São Paulo?
Um dos piores, sem dúvida. Expôs o clube ao ridículo. O São Paulo era reconhecido pela organização. Hoje em dia, qualquer problema é jogado na mídia. Dirigentes não falam a mesma língua.

- Lugano ou Miranda?
Os dois (risos).


- Se você fosse presidente da República por um dia, qual seria sua medida imediata?
Um dia seria pouco. O país passa por sérios e graves problemas de corrupção. Bilhões e bilhões desviados da educação, moradia, saúde, segurança... Precisa arregaçar as mangas e trabalhar muito.


- O Brasil ainda é o “país do futuro”?
Depende do presente. Depende de nós! Nós podemos mudar o jogo. Muitos não têm consciência. Ou tem e nada fazem. Contentam-se com "Bolsa-Família", todo e qualquer tipo de auxilio.


- Quantas vezes a Paula chorou por causa de futebol?
Inúmeras vezes (risos). Choro de alegria, de tristeza (risos). Irei chorar em muitas “oportunidades” (risos).

- Mano Menezes, Felipão ou Dunga?
Nenhum dos três!


- Uma partida de tênis com Roger Federer e um jogo do São Paulo, ambos sendo exibidos hoje ao mesmo tempo na TV. O que você assiste?
Depende da importância do jogo (risos). É meio de campeonato? É final? (risos).
Já deixei de assistir jogo do São Paulo (perdeu para o Flamengo), para ver a final de Cincinatti, no ano passado entre Federer x Djokovic. Venceu o suíço, para a minha alegria (risos).


- Sua maior alegria no futebol.
Ver o futebol bem jogado.


- Hernanes ou Kaká?
Gosto do Kaká, mas... Hernanes, o profeta! (risos).


- Qual é a grande diferença da Paula de hoje para aquela de 10 anos atrás?
Maturidade.

- Qual é o clássico que lhe dá mais “frio na barriga”?
Hoje? Tenho medo de todos (risos). Contra o Corinthians. Ou você gosta ou você odeia. A rivalidade cresceu muito. E a vontade de vencer o time de Itaquera, também.


- Qual seu estilo de música?
Meu gosto musical é eclético. Depende do dia e do humor... John Mayer, Imagine Dragons, Bruno Mars, Coldplay, Nando Reis, Justin Bieber, MPB, Oasis, Florence The Machine...

- Paulo Henrique Ganso seria craque no time do São Paulo campeão continental e mundial de 2005?
Campeão mundial, mundial... (risos). Acredito que sim. Elenco unido, não existia frescura como nos dias de hoje. Não tinha "mimimi", mas sim a vontade de vencer.


- Cite três momentos marcantes do futebol em sua vida.
A Copa de 94: "É tetraaa! É tetraaa! É tetraaa!..." (risos).
A sequência de títulos de 2005 a 2008.
A Copa de 2014, especificamente Brasil 1 x 7 Alemanha.


- Quem é o melhor comentarista esportivo? E o pior narrador?
Difícil, hein... Narrador ruim tem aos montes: Cleber Machado, Téo José, Nivaldo Prieto, Jota Júnior e mais alguns. Comentarista? Eu gosto do Mauro Beting.


- Você acredita que o atual time do São Paulo é realmente limitado e não consegue carregar o "peso da camisa" ou falta comprometimento e dedicação dos jogadores?
O elenco é limitado, mas falta comprometimento sim. Falta vontade de vencer. São preguiçosos. Jogam apenas pelo salário. Aquele amor por defender o clube, para muitos, não existe.


- Se o gênio da lâmpada surgisse agora na sua frente e lhe oferecesse um único pedido para ser feito em no máximo 10 segundos, qual seria o pedido da Paula?
Tirem os ratos do Governo.
Tirem as carniças do São Paulo.






Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

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