segunda-feira, 28 de março de 2016

UM SAN-SÃO SEM GRAÇA E A ÁGUA SANTA PARA BENZER O PALMEIRAS, A LUSA E MURICY.

*por Adriano Oliveira


O que pode acontecer de pior para o Palmeiras do recém-chegado Cuca após ser goleado por 4 x 1 pelo inexpressivo Água Santa, que até 2011 era um time de várzea?
A eliminação na fase de grupos da Copa Libertadores? Não seria o pior. Pelo contrário, já é algo esperado que até causou a saída do técnico Marcelo Oliveira.
Um eventual rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Paulista? Sim, é uma possibilidade. Remota, mas é a mais nova pulga atrás da orelha de cada palmeirense.
O título da Copa do Brasil de 2015 iludiu muita gente. Torcedores, jornalistas e, principalmente, dirigentes do clube. Essa é uma realidade que incomoda, mas que hoje está bem clara. Esse time do Palmeiras, que pouco mudou apesar da caneta sempre afiada de Alexandre Mattos, jamais vai repetir a mesma atuação que teve contra o Santos na noite de 2 de dezembro do ano passado. Foi um jogo atípico, desses que acontecem uma vez em cada um milhão. Aquela final foi a única grande partida de fato que o time do Palmeiras fez nos últimos dois anos ou mais. Simplesmente um momento de euforia.
Não foi o Palmeiras que ganhou o título. Foi o Santos que perdeu. E tal ilusão tem custado caro para o time de Rafael Marques, Cristaldo, Arouca e companhia na atual temporada. Sabe o torneio estadual, aquele não vale nada? Pois é. O Palmeiras corre, nele, risco de descenso.


Santos e São Paulo fizeram, provavelmente, o clássico com mais desfalques de sua história.
Pior para o Santos, que sentiu mais as ausências de cinco titulares servindo às seleções olímpica e principal. O São Paulo jogou sem Ganso, seu maior destaque em 2016 até aqui (quem diria!). Há quem diga que o meia recebeu propositalmente o cartão amarelo no último jogo diante do Botafogo que o suspendeu do clássico justamente para não ter de ir à Vila Belmiro enfrentar seu ex-clube. Será?
Os times, desfalcados, eram equivalentes e fizeram um duelo sem graça, porém equilibrado. Longe de um Santos x São Paulo que se preze, normalmente sinônimo de grandes jogos.
Em campo, ficou evidente que o Santos possui uma identidade. O time de Dorival Júnior joga sempre do mesmo jeito, de forma ofensiva e privilegiando o toque de bola desde a defesa, passando pelo meio, até chegar ao gol. É claro, no entanto, que a melhor qualidade técnica dos jogadores titulares faz enorme diferença, o que ficou visível nas jogadas de ataque. Já o São Paulo de Patón Bauza precisa mais dos resultados do que convencer. O time sentiu menos os desfalques que o Santos e o clássico mostrou ao seu treinador que, embora mexa e tente fazer algo de diferente com peças diferentes, ainda não existe um padrão de jogo definido. Falta um desenho tático para eliminar a enorme interrogação quando o time está com a bola e pouco sabe o que fazer com ela do meio para frente.
E se o Santos não tinha Ricardo Oliveira ou Gabriel, tinha o camaronês Joel que, esforçado, fez um belo gol. Por outro lado, se não tinha Lucas Lima, tinha o limitado Neto Berola que, entre mais erros que acertos, perdeu um gol incrível que certamente liquidaria a partida.
O time da casa propôs o jogo na etapa complementar, ficou mais com a bola, criou mais e teve as chances mais claras de gol para sair com a vitória. Não aproveitou as oportunidades por incompetência nas finalizações e foi castigado quase no fim com gol de cabeça do atacante são-paulino Alan Kardec, após falha de marcação da zaga santista em cobrança de escanteio. 1 x 1.
A bola, como sempre, pune.

A Portuguesa segue seu calvário. Ou seu castigo, desde o "papelão" do caso Héverton no Campeonato Brasileiro de 2013. De lá para cá, o clube do Canindé engatou uma marcha-a-ré e desce a ladeira a mais de 100 Km/h. A CBF, feliz da vida, ri a toa.
O time, que neste ano vai disputar novamente a terceira divisão do Campeonato Brasileiro, voltará aos campos da segunda divisão paulista no ano que vem. Ao contrário do mínimo que se esperava, a Lusa não tem mais chances de acesso e, pior que isso, luta agora contra o fantasma de um novo rebaixamento inédito: para a terceira divisão do futebol estadual. Com cinco jogos sem vencer e três derrotas seguidas, a Portuguesa não passou da etapa classificatória da Série A2 do Campeonato Paulista e está a três pontos da zona da degola. Com a pífia campanha, o técnico Ricardinho foi demitido.
Em tom de deboche, membros de uma torcida organizada do clube propuseram à comissão técnica um jogo amistoso que, por via das dúvidas, foi recusado.

Se existe um clube que lutou para a criação da Primeira Liga e a realização de um torneio independete organizado por ela envolvendo clubes do sul, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, foi o Flamengo. A Primeira Liga então se tornou uma realidade, um prenúncio de uma coalizão dos clubes visando uma alternativa ao que a CBF impõe como modelo e regra. Eis então que o Flamengo chega à semi-final da competição diante do cambaleante Atlético-PR. E o que faz o técnico Muricy Ramalho, sabe-se lá por que? Escala jogadores considerados reservas. Priorizando o que? O velho e modorrento torneio estadual.  Seu time perde por 1 x 0 e fica fora da final contra o rival o Fluminense. Muricy Ramalho então escala os titulares para o confronto contra o Volta Redonda, pela Taça Guanabara, aquela que era secundária à Primeira Liga. E perde novamente por 1 x 0.
Não há coerência no Flamengo. E, pelo jeito, em breve também não haverá mais Muricy Ramalho na comissão técnica. Parece apenas uma questão de tempo.



Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

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