sexta-feira, 11 de março de 2016

SOBRE TANGO E FUTEBOL: É MUITO MAIS QUE O ACASO!

*por Priscila Ruiz

Olá amores, tudo bem com vocês?

Tango e futebol. Futebol e tango. Dois movimentos feitos essencialmente com as pernas para confundir um inimigo ocasional. Dois produtos do romantismo que exaltam uma realidade seja nos salões ou nos estádios. Tango e futebol tornaram-se uma marca registrada, com a sua própria música, culturas e estilos de vida.
O ritmo do tango tem um compasso binário e é a mais pura tradução da sedução em movimentos, é o diálogo do ir e vir dos encontros de corpos. Isso nos remete ao futebol, especialmente aquele que vemos na Libertadores. A coreografia do tango é complexa e as habilidades dos bailarinos são celebradas pelos aficionados, tal e qual vibramos com jogadas bem trabalhadas e lindos gols. Tango é sentimento bailado, assim como o futebol é sentimento jogado.
E como o último tango foi em Paris (quem não viu uma tal cena da “manteiga” entre Marlon Brando e Maria Schneider no filme de 1972, recomendo...rsrs), nada como ir ao que interessa justamente para falar do Paris Saint-Germain.


O time parisiense fica na vontade há três temporadas já. Porém, nesta, mostra dois requisitos que até então não tinha mostrado, força e jogo coletivo. Requisitos, os quais, em minha opinião podem credenciá-lo a pintar junto aos principais favoritos na Champions League.Laurent Blanc tem total responsabilidade por essa mudança na forma do time jogar. O PSG se posiciona de modo a trabalhar a posse de bola e distribui muito bem o jogo utilizando os espaços dos adversários. Aliás, esse foi um ponto alto contra o Chelsea no Stamford Bridge.
A movimentação de Ibra foi essencial para a vitória, mas chamo a atenção para Di María. O argentino é aquele tipo de jogador que não precisa de muito para render atuações espetaculares, tem uma qualidade de passe incrível, assim como uma alta capacidade de se desmarcar e de criar lances de perigo.
O PSG foi melhor que o Chelsea desde o início da partida. Thiago Motta também fez uma excelente partida, mesmo perdendo a bola que originou o gol de Diego Costa. Os Blues ainda tentaram pressionar com Hazard e William, mas pararam nas mãos do goleirão Trapp e não tiveram força suficiente para superar a maturidade, com a qual o time do PSG jogou.
A competição se afunila e a prova dos 9 vem nas quartas de final. Veremos!


Voltando ao tango, agora portenho, o São Paulo entrou em campo nesta quinta-feira tentando sob o compasso dramático de esquecer os últimos dias, os últimos tempos. E se não fosse a falha pueril de Dênis e uma arbitragem caseira teria realmente esquecido, porque teria voltado com a vitória de Buenos Aires.
Sabemos que o time não vive no cenário dos mais favoráveis, mas quem lamentavelmente pintou que o São Paulo seria catastrófico, se calou. Porque, finalmente a equipe jogou uma partida à altura da Libertadores da América.
É verdade que o River Plate, último campeão da Libertadores, não é mais o mesmo, pois a força superou o talento. Contudo, é um time que sabe pressionar o seu adversário com o incansável apoio de sua torcida em casa.
E Bauza sabe disso como ninguém, assim como Maicon e Lugano, zagueiros escolhidos a dedo para encarar a parada. Grande acerto! Já não posso dizer o mesmo do posicionamento de Carlinhos e Michel, pois Ganso ficou só, assim como Calleri segue lutando bravamente lá na frente, isolado.
Centurión não rende, Bruno muito menos. O que obviamente faz com que o time mantenha a sua dificuldade imensa em furar a defesa adversária e partir para o ataque. Ainda assim, saiu na frente.
O ponto fundamental desse jogo, em minha opinião: O time chegou desacreditado diante de um adversário teoricamente forte em seu místico estádio lotado, tomou o empate, foi prejudicado pela arbitragem, porém seguiu brigando com personalidade, se manteve sólido na defesa com uma bela apresentação da dupla de zaga e em noite inspirada de Ganso.
A torcida ainda não tem confiança no time e nem em algumas decisões táticas do treinador, porque sabe-se como é, somos brasileiros e resistimos bravamente ao nosso paradigma do futebol bonito, voluptuoso.
A vitória bateu na trave e esse ‘quase’ trouxe um certo gosto de esperança. Porque, o time pode não ter ainda uma identidade, mas mostrou determinação.
Esperamos que siga assim, o caminho é longo e difícil, mas há um caminho.
Quem disse que ao São Paulo de Bauza falta tudo e que só o acaso pode proteger, só não esqueça de uma coisa: ataques podem ganhar jogos e defesas podem ganhar campeonatos.

Um beijão e até a próxima...


* Priscila Ruiz é advogada, especializada em Segurança e Direitos Humanos. E para ela "la vida es aquello que sucede cuando no hay fútbol". Ou seja, sim, ela é loucamente apaixonada pelo esporte bretão. Contribui com o AL MANAK FC através de sua opinião inteligente e analítica.

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