segunda-feira, 14 de março de 2016

SÃO PAULO POUPA JOGADORES NO PRIMEIRO TEMPO E FUTEBOL NO SEGUNDO, E O PALMEIRAS LIQUIDA O CHOQUE-REI

*por Adriano Oliveira


O Corinthians ganha do Palmeiras que perde para o Santos. O Santos ganha do Corinthians que perde para o Palmeiras. O Palmeiras ganha do Santos que perde para o Corinthians. E o São Paulo perde para todos eles.
Essa tem sido, faz tempo, a sina do time do Morumbi nos clássicos.
A história voltou a se repetir no Pacaembu, pela 9ª rodada do Campeonato Paulista, onde São Paulo x Palmeiras recebeu um público de pouco mais de 14 mil torcedores, abaixo do registrado para Santos x Água Santa um dia antes no mesmo estádio, que teve quase 19 mil.
No 1º tempo, o São Paulo trocou passes, controlou mais o jogo a seu favor e foi mais produtivo. Mesmo com jogadores considerados reservas em campo, o time repetia a boa atuação do jogo contra o River Plate três dias antes, em Buenos Aires, pela Copa Libertadores. O Palmeiras estava assustado, exatamente como quatro dias antes, quando foi derrotado em casa pelo Nacional-URU, também pelo torneio sul-americano. Sem Marcelo Oliveira na beira do campo, o time até que tentava encontrar um caminho entre um contra-ataque e outro, mas confuso e sem liderança, era acuado pelo São Paulo. Ainda assim, saíram dois gols antes do intervalo, um para cada lado. O árbitro Raphael Claus anulou ambos, equivocadamente.
Veio o 2º tempo e o técnico interino do Palmeiras conseguiu compactar mais sua equipe que, melhor organizada em campo, diminuiu os espaços que o time de Bauza teve de sobra na primeira etapa. Do meio para a frente, o Palmeiras passou a jogar de forma mais direta e vertical, algo que não acontecia com Marcelo Oliveira. Sem os chutões da defesa para o ataque e os costumeiros "chuveirinhos" a exaustão, o time ficou mais tempo com a bola e passou a criar mais. Bauza percebeu o crescimento do adversário na partida e resolveu sacar Daniel, Rogério e Alan Kardec para as entradas de Ganso, Centurión e Calleri, o que teoricamente daria mais movimentação ao ataque. Contudo, o Palmeiras estava melhor postado e não ofereceu os mesmos espaços que os são-paulinos tiveram no 1º tempo. A ordem era sempre para que os volantes protegessem a defesa, retomassem a bola o quanto antes e ficassem com ela. A partir daí acertar o passe para Allione ou Robinho lançarem Alecsandro ou Dudu em velocidade. Deu certo.
O Palmeiras marcou duas vezes. O primeiro gol de Dudu, após jogada rápida muito bem feita e um cruzamento açucarado de Alecsandro. O segundo um golaço de fora da área feito por Robinho, mais um que o jogador põe na sua conta particular diante do São Paulo. O meia palmeirense, inclusive, é fundamental para o desempenho de seu time. Tem passe preciso e faz lançamentos em profundidade, além de uma ampla visão de jogo. Exatamente o que faltou para Ganso do outro lado. O meia são-paulino não repetiu as boas atuações de jogos anteriores.
O São Paulo dominou a partida durante quase todo o 1º tempo, mas não converteu tal superioridade em gol, o que lhe daria a tranquilidade necessária para conduzir as ações no 2º tempo. O Palmeiras, mesmo com técnico interino, soube corrigir os erros de posicionamento do 1º tempo e foi mais efetivo no 2º tempo. Fez o que o São Paulo não conseguiu fazer e venceu por 2 x 0.
O resultado apaga a pífia atuação do time dentro de casa nos últimos jogos da Copa Libertadores? Claro que não. O técnico Cuca não tem a fórmula mágica que vai fazer de imediato a equipe jogar bem e trilhar o caminho das vitórias. Até porque seu principal desafio será estabelecer um padrão de jogo para o time com o Campeonato Paulista e a Copa Libertadores em andamento. Cuca terá de definir um jeito do time jogar, algo que Marcelo Oliveira não conseguiu implantar em 53 partidas dirigindo a equipe que ele próprio ajudou a montar.
O São Paulo é outro time que busca adotar um estilo de jogo, o que também não tem acontecido devido à troca constante de treinadores. A pressão por um título tem atrapalhado bastante. O colombiano Juan Carlos Osório, por exemplo, tido como o técnico que iria revolucionar o futebol brasileiro quando chegou para ocupar o posto de Muricy Ramalho, não ficou mais do que quatro meses no comando. O argentino Patón Bauza é o 10º treinador a desembarcar no Morumbi nos últimos sete anos. Muita coisa?
O Palmeiras também já trocou dez vezes de técnico no mesmo período. E o pior: não existe critério. Sai Muricy, entra Osório. Sai Gareca, vem Gilson Kleina. Sai Doriva, entra Bauza. Sai Dorival Júnior, chega Oswaldo de Oliveira. Treinadores de todos os estilos de trabalho vêm e vão, cada um com conceitos completamente distintos sobre futebol. E isso mostra que o "planejamento" de Paulo Nobre e Alexandre Mattos copia o da maioria dos dirigentes de clubes no país. Marcelo Oliveira nunca foi técnico de futebol, mas de resultados. E, mesmo campeão da Copa do Brasil do ano passado, foi demitido ainda na atual fase de grupos da Libertadores. O tal "profissionalismo" e "planejamento" da diretoria chefiada por Mattos foi chutado para escanteio diante de um possível vexame de ser eliminado tão cedo do torneio continental. Cuca se tornou então o escudo que a diretoria precisa para se blindar perante torcida e imprensa, em caso de êxito ou fracasso.
Mas a culpa é do Lucão?



Adriano Oliveira tem este Blog desde 2009, mas a paixão pelo futebol nasceu bem antes disso. É um apaixonado que vibra pelas 11 posições, mas sempre assume uma, pois jamais fica em cima do muro. Aos 43 anos, o futebol ainda o faz sentir a mesma coisa que ele sentia aos 10.

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