sábado, 23 de agosto de 2014

NO BAR DE SEMPRE, O DE QUASE SEMPRE. E UM BRINDE AO CENTENÁRIO.

E lá estavam eles, sentados no bar de sempre, falando sobre o de quase sempre.
“ - É, mermão. Aqui não é time de colina não. Aqui é Nação! E tem gente aí que vai passar o centenário na berlinda, aquela maré de novo”, disse ironicamente o que vestia uma camisa rubro-negra, aliás, o mesmo que não aparecia no bar há tempos.
- Pode ser. Eu parei de acompanhar. Não adianta ficar sofrendo enquanto um punhado de jogadores não honram a camisa que vestem. Se fosse no tempo de Dudu, Ademir e Luis Pereira, esses perebas de hoje não jogariam não”, desabafou o torcedor cujo time passaria o aniversário de 100 anos no rodapé da tabela.
- Eu sinto cheiro de título”, disse o outro de camisa tricolor, que outra vez voltou a sonhar.
“ - Título? Há uma semana você estava aqui mesmo nessa mesa pedindo a cabeça dos jogadores e do técnico porque foram eliminados da Copa do Brasil. E de novo para um time do interior”, indagou o alvinegro, eufórico com a realização do sonho da casa própria.
- Não esquenta. Na próxima derrota já voltam a criticar todos no clube, do massagista, passando pelo atacante 'fabuloso' ao presidente”, retrucou o de camisa branca, com o nome de Robinho estampado nas costas.
- É que não enxergamos as pedras menores e tropeçamos”, tentou justificar o tricolor.
- Então melhor usar óculos, brother. Porque já não haviam enxergado antes Ponte Preta e uma tal de Penapolense”, lembrou o rubro-negro a contragosto do “soberano” sentado à mesa.
" - Oi? Parece que ouvi alguém me chamando?”, perguntou o de verde.
" - Deve ser o Cruzeiro, só que está tão longe que você não consegue enxergá-lo”, tripudiou o carioca para todos rirem.
" - Mas o que estão fazendo com seu time, hein? Em busca do tri-campeonato da Segunda Divisão?”, disparou o gaúcho de vermelho ao que “segurava a lanterna” do torneio.
- Boa pergunta. Já tivemos há pouco tempo um economista dirigindo o clube. Só ilusão. Agora um presidente jovem, empreendedor, junto com um gerente renomado, especialista em gestão. Porém, estamos de novo nesse sufoco.”
- Entre o economista e esse empreendedor teve um que foi flagrado na praia, saboreando uma água de côco bem gelada, no dia seguinte ao segundo rebaixamento do time, lembram?”, comentou rindo o alvinegro de Itaquera.
- Estava bastante preocupado com a situação do time, com certeza, né?”, cornetou o gaúcho.
- Saudade da leiteria?”, provocou o tricolor para gargalhada de todos, referindo-se à Parmalat, empresa italiana que comandou o Palmeiras na década de 90, no período em que o clube mais conquistou títulos.
- Mas o nosso centroavante faz mais gols que um tal de Damião, um mico que custou a bagatela de R$ 42 milhões”, alfinetou o alviverde, para mais risada de todos.
" - Verdade. Mas falando em centroavante, que bela troca vocês fizeram, né?" rebateu o "menino da Vila", já não mais tão menino assim, claro. E emendou:
" - Trocaram o Alan Kardec pelo Alan Terna", para delírio do bar em gargalhada.
“ - Mico mesmo é o tal do Mago, aquele que desaparece quando precisa jogar. Já deve estar voltando para a Disney, de chinelinho”, cutucou o torcedor alvinegro da zona leste.
- Pelo menos estamos terminando nossa casa com nosso suor. Não recebemos estádio doado pelo programa 'Minha Casa, Minha Vida', como foi feito para a comunidade de Itaquera”, disse o torcedor alviverde, novamente para risada geral de todos.
- Somos o time do povooo!”, berrou o incomodado alvinegro.
O de camisa imaculadamente branca pediu então mais uma rodada de cerveja e convocou um brinde em homenagem ao centenário do time verde.
Antes, fez um breve discurso:
- Um brinde aos 100 anos do time que um dia já foi Verdão. Afinal, é muito mais raro e mais difícil ser tri-campeão da Segundona do que ser campeão da Libertadores!
Todos brindaram e beberam sorrindo, comemorando uma paixão que somente o futebol é capaz de proporcionar. Porque das coisas menos importantes da vida, o futebol é a mais importante.

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