sábado, 20 de junho de 2015

O FLAMENGO E O FUTEBOL PRECISAM DE SHEIK

O craque está sempre submetido à pressão. Especialmente quando é o principal jogador de um time vencedor e que ganhou títulos importantes. É o seu protagonismo que o faz cair ou não nas graças da torcida.
As vezes, a pressão o desconcentra e ele passa a dividir opiniões antes quase unânimes. É o craque do time, mas não tem vocação para super-herói. O autêntico boleiro que de ídolo passa a ser vilão porque prefere o prazer de jogar ao resultado final.
Emerson Sheik é um desses boleiros.
Quase aos 37 anos, vai voltar a jogar pelo Flamengo. Não haveria outra camisa neste momento no futebol brasileiro para ele vestir. Uma relação de amor e ódio que se desgastou, mas que tem tudo para esquentar de novo, porque o amor sempre prevalece. Sheik sabe que os microfones e holofotes estarão sempre a sua espera na beira do gramado após todas as partidas. Seja ele o herói da vitória ou o vilão da derrota. Ele será o porta-voz do elenco. Ao lado do peruano Paolo Guerrero, vai ajudar a blindar a diretoria e a comissão técnica liderada pela "interrogação" chamada Cristóvão Borges.
É claro que não será o Emerson Sheik que levou o Corinthians ao topo em 2012, sequer aquele do próprio Flamengo campeão de 2009. Mas continua sendo o craque polêmico, o vencedor provocador, o marrento e o vilão que o futebol tanto precisa para não se tornar cada vez mais chato. Porque Sheik sempre fala e faz o que quer, dentro e fora de campo. É irreverente, debochado. Ele erra e acerta, torna a errar e se regenera de novo. Sheik será vaiado na derrota, na expulsão infantil, no momento de fúria que pode prejudicar sua equipe. Mas logo depois será ovacionado pela torcida quando resolver um jogo, fazer o gol da vitória num clássico, decidir um título e caçoar do rival nas matérias do noticiário.
É o jogador que não segue a cartilha dos bons modos e dos bons costumes, que não lê o manual do "politicamente correto" no futebol, atualizado a cada temporada pela patrulha das redes pouco sociais. O flamenguista, que assim como todo torcedor que nos dias de hoje muda de humor a cada jogo, não vai concordar com tudo o que ele fala ou faz, mas vai reconhecer sua importância para o time e, acima de tudo, para o futebol brasileiro. Um futebol tão carente de protagonistas que ainda levam torcida aos estádios, que geram audiência, que instigam a rivalidade, que conduzem ao delírio.
Sheik pode não levar o Flamengo ao título do Campeonato Brasileiro ou da Copa Libertadores. Também não é garantia de retorno, nem de gols. Mas é aquele cara que certamente fará "aquele gol" importante e sairá em disparada no sentido da torcida adversária, dedo em riste pedindo silêncio, batendo forte no escudo do peito, com sorriso de deboche. Porque há momentos no futebol que são mais emblemáticos do que troféus.
E isso, na maioria das vezes, é o que faz o futebol ser tão apaixonante.

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