quinta-feira, 4 de junho de 2015

ROGÉRIO CENI, O PROTAGONISTA DO SAN-SÃO


Um clássico com cinco gols está a altura de um São Paulo x Santos, que normalmente fazem grandes jogos. Mas, neste caso, não traduz o que aconteceu dentro de um Morumbi frio e quase vazio.
Não foi um jogo aberto. Tampouco com velocidade, muitos dribles e nó tático. Foi um jogo truncado no meio, cheio de faltas, pobre tecnicamente, onde os cinco gols nasceram de erros defensivos, sendo quatro gols de bola parada.
Mas com todos os ingredientes de um clássico que se preze: bate-boca com o árbitro, polêmica, reclamações e duas viradas. O São Paulo, sob os olhos de seu novo técnico Juan Carlos Osório que estava nas tribunas, mais motivado, mais bem armado taticamente e mais interessado na vitória desde que a bola rolou, apesar dos apagados Alexandre Pato e Luis Fabiano. O Santos, um time ausente no 1º tempo e razoável no 2º tempo, com méritos ao esforço isolado de Lucas Lima na tentativa de criar jogadas e à sorte de Ricardo Oliveira nos dois gols. O placar de 3 x 2 para os donos da casa foi um resultado justo para o time que mais buscou a vitória e para o Santos que mereceu perder.
O Santos até pode mais no campeonato. É possível. Mas, para isso, seus dirigentes precisam entender os tropeços contra Chapecoense, Avaí, Sport (dentro de casa) e São Paulo. Do contrário, novamente o time passará o campeonato inteiro como um mero figurante no meio da tabela, como já aconteceu no ano passado. E entender os tropeços começa com a mudança de treinador. Marcelo Oliveira, demitido pelo Cruzeiro, está livre no mercado. Até quando a diretoria vai insistir com o auxiliar Marcelo Fernandes num torneio competitivo como o Brasileiro? O São Paulo, mais próximo do topo da tabela, deve mostrar evolução com a chegada do técnico colombiano, que certamente vai exigir mais de alguns jogadores do elenco. Osório também deve acelerar o jeito de jogar da equipe, que tem excesso de lentidão no meio em boa parte dos 90 minutos.
Rogério Ceni, mais uma vez, foi o personagem principal do clássico, como já havia acontecido no primeiro duelo do ano entre os dois times, quando o goleiro fez defesas memoráveis que garantiram o empate de 0 x 0. Dessa vez falhou, porém reclamou, pressionou, se adiantou novamente na defesa de um pênalti, fez o gol da vitória de seu time e continua batendo recordes. Com o gol de pênalti marcado quase no fim da partida, o goleiro-artilheiro chegou à incrível marca de 128 gols na carreira, se igualando a Raí como o 10º maior artilheiro da história do São Paulo. Mais do que os números históricos, Ceni mostra que o time ainda precisa dele. Os cinco gols marcados na temporada e as atuações decisivas contra Internacional e Santos, deixam claro que sua presença dentro de campo até o fim do ano é mais importante pelo futebol e capacidade técnica do que como trunfo de estratégia de marketing na exploração da imagem do maior ídolo do clube. Por outro lado, o mesmo goleiro que continua atingindo o máximo das possibilidades na carreira, também tem seus momentos de desvios de postura. Contra o Santos, Rogério esbravejou e criticou de forma veemente no intervalo as atitudes em campo do árbitro Thiago Duarte Peixoto que, segundo o goleiro e capitão do São Paulo, "quer ser a estrela do jogo, quer aparecer em todo jogo". Após o apito final e com o triunfo são-paulino, o mesmo Rogério, bem mais "calmo e tranquilo", fez questão de cumprimentar e até abraçar o árbitro, com direito a uma declaração final mais afável: "Ele é um bom árbitro".
Coisas do jogo? Claro. E do bom e velho Rogério Ceni.

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