segunda-feira, 8 de junho de 2015

O GOL ERA O SONHO DO MENINO


Todo menino que passa o dia todo correndo atrás de uma bola tem o sonho de um dia se tornar jogador de futebol. O sonho de jogar no time do coração ou num grande time da Europa. E por que não jogar uma Copa do Mundo? Uma final de Champions League num grande estádio europeu lotado sob os olhos de todo o planeta?
A glória. O apogeu. O Olimpo.
Neymar também tinha esse sonho.

Foram nove anos nas categorias de base ao time profissional do Santos.
Ganhou títulos. Prestígio. Dinheiro. Fama. De Santos para o mundo. Para a seleção brasileira. E depois para o Barcelona. Estar em Berlim para uma final de Champions League era a realização plena do sonho daquele menino, dono de um futebol irreverente, malicioso, ousado, alegre, que diversas vezes chega até a ser irresponsável. Mas genuinamente brasileiro.
O menino-craque, que na infância fazia arte nos campinhos e nas praias de Santos, pulou para dentro do gramado do Estádio Olímpico de Berlim, aos olhos do mundo inteiro, arrancando sorrisos, provocando alegria e também uma espécie de ira misturada com inveja de alguns torcedores brasileiros com o velho complexo de vira-lata. Afinal, futebol também é isso. Se Neymar fosse argentino, por exemplo, seria bem mais querido no Brasil.
Ao entrar em campo em Berlim, na cabeça veio fulminante sua trajetória no futebol como um filme, com cenas de drama, superação e poesia. Com a bola rolando, suas jogadas desconcertantes carregavam os sonhos de milhões de outros meninos, que correm felizes atrás da bola, na esperança de que um dia também possam estar realizando seus devaneios.

Desde o terceiro gol do Barcelona sobre a Juventus, que selou a vitória incontestável por 3 x 1 do time catalão, faltam palavras para descrever o sonho realizado daquele menino que inúmeras vezes vi jogar bem de perto. E não falta inspiração, pois o que o torcedor vê Neymar fazendo hoje na seleção brasileira e no Barcelona era o feijão com arroz dos santistas a cada quarta e domingo. Aquele menino que só fazia gols em times tupiniquins e que teria tanta dificuldade para jogar diante dos defensores europeus, brilha hoje nos campos do Velho Continente. Somente em 2015, ele conquistou o Campeonato Espanhol, a Copa do Rei e a Champions League, como titular absoluto e autor de 39 gols.
Dá para se ter uma ideia de quantos sonhos haviam em seu coração quando, já atrevido, jogava bola na base do Santos? Não dá. Mas ele revelou que um de seus sonhos era um dia fazer um gol numa final de Champions League. E fez, nos acréscimos, com a torcida catalã gritando seu nome.
Há quem ainda hoje por qualquer motivo não goste de Neymar, mas pelo menos ninguém pode mais desconfiar de sua capacidade e de seu talento com a bola nos pés. Esse menino é, naquilo que faz, o exemplo e a cara de um Brasil que dá certo. Mesmo que, no país de Neymar, o sucesso incomode tanta gente.
Sua passagem pela Europa vai acrescentar cada vez mais em sua carreira, em sua vida, seja financeira ou culturalmente, seja de qualquer forma. E isso deve lhe transformar também num homem cada vez melhor. Mas que a magia do futebol nunca permita que lhe falte sua essência, sua alma de menino. Um menino brasileiro, da Vila.


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