Não porque lhe falta capacidade para estar na seleção de Dunga, longe disso. Até porque atualmente ter ou não ter capacidade não é critério para uma convocação. Assim como há jogadores melhores que ele, também há jogadores inferiores e até com menos grife que normalmente tem sido chamados. Mas talvez seu nome ainda não esteja na lista de convocados porque o próprio jogador não demonstrou "tesão" ou interesse quando vestiu a camisa do Brasil.
Pato foi convocado por Luiz Felipe Scolari em algumas oportunidades, um ano antes da Copa do Mundo no Brasil. Contra a Bolívia, em sua primeira partida sob o olhar de Felipão, a seleção venceu fácil por 4 x 0 e Pato passou despercebido. Teve nova chance no último amistoso antes da Copa das Confederações de 2013. Novamente decepcionou e não foi chamado para disputar o torneio. Depois, Felipão ainda o convocou para o lugar de Fred em mais dois ou três amistosos, um deles contra a fraca seleção de Zâmbia. Pato, de novo, não teve o desempenho esperado.
Robinho, por exemplo, teve mais destaque e ganhou facilmente sua vaga nas oportunidades que ambos tiveram. Por que? Porque Robinho sempre mostrou mais disposição e mais vontade de jogar na seleção do que o então indolente Alexandre Pato. Se era mais produtivo ou não do que Pato, Robinho pelo menos escancarava seu desejo de estar ali. Seu comportamento era mais positivo, nos treinamentos e nos jogos, até nas entrevistas.
Dá para se imaginar um hipotético diálogo entre Pato e algum amigo na época de suas últimas passagens pela seleção:
Dá para se imaginar um hipotético diálogo entre Pato e algum amigo na época de suas últimas passagens pela seleção:
— Ah, tudo bem...
— Pato, você vai ficar na reserva do Robinho...
— Ah, tudo bem...
— Pato, você vai entrar como titular no próximo amistoso!
— Ah, tudo bem...
— Pato, você foi cortado da seleção...
— Ah, tudo bem...
Alexandre Pato é um jogador extremamente emocional. Precisa estar bem fora de campo para depois corresponder dentro dele. Artilheiro do São Paulo na atual temporada com 22 gols, está melhor tecnica e fisicamente em relação ao ano passado e parece ter caído nas graças do técnico Juan Carlos Osório. O treinador colombiano até declarou que o atacante são-paulino "está no mesmo nível de Neymar". Excesso de empolgação a parte, Pato está em seu melhor momento desde que retornou ao futebol brasileiro. Tem se destacado no time de Osório como um atacante que joga pelas pontas, o famoso "falso 9". Pratica um jeito de jogar mais solidário, voltado mais para o aspecto coletivo, procurando manter-se disciplinado taticamente. Porém, seu rendimento é instável e sua dívida continua alta junto ao torcedor são-paulino, que se torna cada dia mais exigente. Ao mesmo tempo em que é decisivo numa boa vitória contra o Grêmio no sul, logo em seguida é substituído por jogar mal num empate sem gols diante da Chapecoense em pleno Morumbi.
Em tempos de seleção brasileira com Douglas Costa e Hulk, Alexandre Pato tem sim condições de jogar no time de Dunga e até sonhar com uma possível viagem à Rússia em 2018. Mas para isso precisa ajudar o Brasil a participar da próxima Copa do Mundo, o que nunca esteve tão em xeque. Ao contrário do que disse Osório, o atacante do São Paulo está bem aquém do talento de Neymar, sem comparações. Porém, seu futebol não deve nada para o de William, Phillipe Coutinho, Oscar ou Roberto Firmino. O que ele precisa é de pegada quando for lembrado por Dunga. Provar que está motivado acima de tudo, antes até mesmo de resolver um jogo difícil numa partida de Eliminatórias.
Certa vez, ao ser questionado sobre qual era seu maior sonho:
— Pisar no tapete vermelho do Oscar - respondeu sorrindo um Alexandre Pato mais entusiasmado com as lojas de grife italianas e com os requintados restaurantes paulistanos do que vestindo a camisa amarela dentro dos gramados.
Apesar do total descrédito da CBF, o primeiro passo para estar na seleção é querer estar na seleção. Pelo menos é o que se espera de qualquer jogador.
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