domingo, 7 de junho de 2015

O TIME QUE REINA CAMPEÃO DE TUDO


Em algum momento o impossível pareceu possível, mas não foi. Obrigada, deuses do futebol por nos brindarem com um final de temporada na Europa que já deixa saudade em qualquer mortal louco pelo velho esporte bretão.
Romantizando um pouco, confesso que sou obsessiva com a Champions League, especialmente quando se trata do Barcelona, time que não é só uma mera escolha, mas está no DNA puramente catalão da família.
Olhando um pouco a trajetória, não dá para dizer que foi fácil. O Barça encarou os melhores times da Holanda, França, Inglaterra, Alemanha e Itália. Nos mata-matas superou as quatro principais capitais da Europa e provou a força de uma dinastia estabelecida desde 2006 ao se recuperar diante da pressão de eliminações muito dolorosas frente a Inter, Chelsea e Bayern em edições passadas.

A Juventus foi grande demais, fez uma temporada muito acima de qualquer expectativa e o que vi durante a partida em Berlim foi: pode haver tática, uma pitada de sorte e treinamento intensivo, mas no futebol de hoje o talento, a genialidade e a alegria ainda prevalecem. Que sorte a nossa!
Ficou muito claro desde o início da partida que a equipe de Turim planejou atacar a saída de bola do Barça com Tevez e Morata para que Vidal sobrasse em cima de Busquets.
A questão é que teoricamente isso seria fácil, se em campo não estivesse um time que integra muito bem seus setores, valoriza (excessivamente) a posse de bola e se apresenta muito bem posicionado e entrosado dificultando absurdamente qualquer intenção adversária.
A "Vecchia Signora" tentava pressionar, marcando Messi e Neymar à distância, mas Iniesta e Rakitic encontraram espaços. Gol!
Ainda assim, o Barça não teve tranquilidade, a Juve adiantou bravamente as suas linhas de defesa e foi avançando na troca de passes rumo ao ataque, porém mesmo com o placar igual em gol de Morata e o Barcelona ressentido, os italianos não conseguiam controlar o jogo e cometiam muitas faltas demonstrando carência de inteligência emocional.
Na etapa preliminar, o cenário permaneceu inalterado, mas quem mudou foi Messi e foi aí que o segundo gol parecia questão de tempo.
A torcida italiana era maioria no estádio em Berlim, o Barcelona se desorganizou, perdendo divididas, errando passes e finalizações. A Juve se aproveitou e partiu para o ataque. Contudo, nesse jogo de xadrez contra um Barcelona ao nível em que se encontra, é um suicídio, afinal o contragolpe catalão é fulminante. Arrancada de Messi, rebote de Buffon, Suárez não perdoou.
Luis Enrique e Allegri fizeram substituições acertadas. O Barça buscava segurar a bola e a Juve abusava, com melhor estatura, das jogadas aéreas, o que tornou os minutos finais eletrizantes.
O último ato refletiu o que se viu na temporada. A Juve levantou a bola na área e a investida sobrou nos pés de Messi, para Pedro, para Neymar, terceiro gol culminando em um título incontestável do time que reina campeão de tudo.
Messi deve ganhar a sua quinta Bola de Ouro. Luis Enrique bancou com coragem o seu jeito de ser deixando a sua marca na essência dessa equipe. Suárez finalmente brilhou. Xavi tem uma despedida à altura de sua excelência. E Neymar, bem... Neymar se tornou o coadjuvante mais protagonista de todos os tempos, aos 23 anos.
Agora vem aí mais uma Copa América e mais uma oportunidade para nos reapaixonarmos pela Seleção Brasileira. Seja como for, não tem como torcer contra. E viva o futebol!



Um beijão e até a próxima!

Priscila Ruiz é advogada, especializada em Segurança e Direitos Humanos. E para ela "la vida es aquello que sucede cuando no hay fútbol". Ou seja, sim, ela é loucamente apaixonada pelo esporte bretão. Contribui com o AL MANAK FC através de sua opinião inteligente e analítica.

7 comentários:

Rafael Spinelli disse...

Simplesmente a análise/narrativa mais perfeita sobre a final da Champions e contexto que levou o Barcelona ao título. Quem por acaso, não assistiu, visualiza e entende o jogo lendo o texto da @priruiz17. Simples Assim!!!

Faguiner Dias disse...

Contextualizou com Sabedoria, Elegância e Paixão por essa tal arte, que chamamos de futebol, o que foi o jogo! Parabéns pela publicação. Altíssimo nível!

Pri disse...

Obrigada Rafa! É uma honra receber um comentário elogioso de um gênio da narração esportiva como você. Aproveitando, parabéns pelo trabalho em Roland Garros, foi maiúsculo! Sensacional!

Pri disse...

Obrigada, Faguiner, querido! Fico realmente muito feliz que tenha gostado. O objetivo é caprichar sempre mais para um público tão especial como vocês!

Conectas - Adm disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
celsofritz disse...

Brilhante texto Pri. Devo confessar que não foi a final que eu esperava. Quiseram os Deuses do futebol que o Bayern tenha cruzado o caminho do Barça antes da final ainda desfalcado de seus principais jogadores. Acho que a final entre Barça e Bayern em um só jogo e com os 2 times completos seria a maior final da história.

O Deuses do futebol ficaram devendo essa, mas de qualquer forma, o Barça foi brilhante.

Pri disse...

Obrigada, Celsinho! Concordo com você que esses tais deuses poderiam ter sido, ao menos, um pouquinho mais generosos no sorteio, de modo que permitissem a possibilidade de um duelo final entre Barça e Bayern. Contemplar o embate entre Criador e Criatura seria épico. Aposto que da forma como seguem as equipes, ainda seremos brindados com esse deleite. Pra mim, fica o sabor não só da conquista do Barça, mas da queda dos merengues para a Juve... hahaha. Mais uma vez, obrigada pelo apoio! Um beijão!